Ulisses Correia e Silva aponta para um percurso positivo na redução do número de pessoas em situação de vulnerabilidade, mas adverte que não é um problema que se resolve de uma única vez.
“Temos ainda pessoas com dificuldades? Temos, sim. Temos ainda famílias que estão dentro dos 2,4% da extrema pobreza que ainda temos, que têm dificuldades em ter três refeições por dia? Temos, sim. Se antes estavam em situação pior e hoje estão em situação melhor? Estamos, sim. Apenas reduziu-se esse número, mas esse número existe e essas pessoas existem. E algumas passam mal, sim, são realidades que existem. Muitas ainda estão em barracas, em condições de vida e de habitabilidade muito difíceis, atingindo até a dignidade da pessoa humana. Esta realidade existe, sim”, assegura.
O chefe do governo aponta para intervenções em sectores-chave como saúde, educação, formação profissional, habitação, agricultura e emprego com impacto na melhoria das condições socioecónomica das famílias.
Noutra frente, e em jeito de resposta às críticas sobre os gastos com o funcionamento do governo, Ulisses Correia e Silva diz que a geografia única do país apresenta desafios específicos de governação.
“Nós temos nove ilhas. Se fosse uma única ilha, uma universidade era mais do que o suficiente. Poucas escolas, um hospital, um porto, um aeroporto eram mais do que suficientes. Mas não é essa a nossa realidade, a administração, a saúde, a educação, infraestruturas e segurança têm que de estar em todas as ilhas. Isso representa a função do Estado, e essa função do Estado tem despesa e tem pessoas, e tem máquina. E onde é que o Estado gasta mais dinheiro? A educação, a saúde e a segurança representam, em termos de efectivos da administração pública, 76% de todos os funcionários que nós temos na administração pública e são precisamente nesses sectores onde a demanda por meter mais gente existe. Quando se pede mais segurança, está-se a pedir mais polícia. Então, vamos meter mais polícia, é mais máquina do Estado, é mais despesa, mas é necessário”, refere.
Ulisses Correia e Silva sublinha a necessidade de “uma abordagem colectiva e transversal” para enfrentar os desafios de desenvolvimento do país, com o envolvimento de todos os parceiros.