"Os assuntos levados à casa parlamentar são do interesse da Nação, mas muitas vezes os debates criam a ideia de que os deputados falam de coisas que não nos servem e estão mais preocupados com os interesses dos partidos", disse à Lusa, João Melo, 41 anos, desempregado.
Segundo diz, "há uma disputa constante entre partidos que desvia o foco do debate" e que, na sua opinião, afasta os cidadãos.
Entre os temas urgentes, propõe "os cortes de energia, a falta de água e os problemas nos transportes aéreos", defendendo que, se fosse deputado, adoptaria uma postura centrada no "interesse do povo".
"Dava votos favoráveis quando aparecessem propostas e leis que realmente servissem à nação", aponta.
João Melho acha que a confiança nos políticos "está abalada" por causa da luta e disputa de poderes e de interesses partidários. Já Fernando Martins, 64 anos, aposentado, diz estar "farto das discussões que se prendem ao passado e não resolvem os problemas actuais" e aponta para questões estruturais como saúde, educação, habitação e segurança, lembrando que muitas casas do Estado estão fechadas enquanto há pessoas sem-abrigo.
Ivanildo Carvalho, 37 anos, funcionário público, reforça a ideia de que os debates nem sempre reflectem as prioridades nacionais.
"Trata-se mais de interesses pessoais ou partidários. O país precisa de políticas públicas que evitem a saída de jovens por falta de oportunidades e de uma Constituição que corresponda à realidade actual", explica.
Além disso, chama a atenção para a questão do consenso entre os deputados para a eleição dos órgãos externos cujos mandatos já deviam ter terminado.
"A nossa Constituição também precisa de rectificação, porque o que temos, actualmente, não corresponde à realidade em que vivemos", acrescenta.
Jailson Martins, 29 anos, vendedor de artesanato, queixa-se de leis aprovadas, mas que não são aplicadas: "Espero que desta vez trabalhem melhor, com impacto na saúde, justiça, emprego e saneamento. O meu recado aos deputados seria que trabalhassem mais no terreno e falassem menos no parlamento", refere.
Lávia Moreira, 19 anos, estudante, considera que "o debate são apenas palavras".
"Queremos ver acção e promessas cumpridas, por exemplo, consultas sem pagamento nos hospitais e salários compatíveis com a realidade. Promessas todos nós conseguimos fazer", descreve.
Miriam Helena, 29 anos, vendedora, admite que os debates resolvem alguns problemas, mas insiste na necessidade de discutir medidas concretas sobre violência: "A violência precisa de ser debatida para termos mais segurança no país".
A primeira sessão plenária de Outubro arranca amanhã com um debate com o ministro da Educação, Amadeu Cruz.
A agenda inclui ainda a apreciação e votação de propostas de lei sobre arbitragem sucessória, o código de processo administrativo e uma alteração à lei que criou o Gabinete de Recuperação de Activos e Gabinete de Administração de Bens.