"Acordamos realizar anualmente, de uma forma rotativa, encontros entre os primeiros-ministros para avaliarmos todos os dossiês que têm a ver com a nossa cooperação, a nossa relação quer no setor da economia, institucional e diplomático e também relativamente às nossas comunidades", disse o chefe do governo no final do encontro com seu homólogo são-tomense, Patrice Trovoada.
Ulisses Correia e Silva, que chegou ontem a São Tomé para uma visita oficial de cinco dias, teve hoje um primeiro encontro de cerca de duas horas com Patrice Trovoada em que os dois primeiros-ministros conversaram sobre "matérias importantes" com o objetivo de se criar "um quadro diferente de relações de maior intensidade".
O governante cabo-verdiano defende que o referido encontro anual vai permitir "maior intensidade no diálogo político" para concretizar dossiês considerados importantes para os dois países.
Patrice Trovoada foi convidado a visitar Cabo Verde em 2019 para dar expressão prática ao que Ulisses Correia e Silva classificou como "nova modalidade de relações".
O chefe do governo de Cabo Verde acrescentou que a sua visita marca "uma nova viragem de cooperação com São Tomé e Príncipe" e reforçar as relações políticas ao mais alto nível.
"Temos aqui um conjunto de áreas de intervenção. Desde logo queremos trabalhar de uma forma tripartida - Cabo Verde, Angola e São Tomé - para podermos ter as linhas aéreas que permitem a ligação entre esses países", salientou o chefe de governo cabo-verdiano.
"Pensamos que até Novembro possamos ter uma boa solução que seja sustentável para as companhias aéreas e que permita fazer esta ponte necessária para transporte de pessoas e mercadorias e encurtarmos as distâncias", referiu.
Ulisses Correia e Silva congratulou-se com o fato de pela primeira vez haver estabilidade política em São Tomé e Príncipe "com um primeiro-ministro a completar um mandato", o que nunca aconteceu desde a instauração do multipartidarismo, em 1991.
Referindo-se aos problemas sociais e económicos dos cidadãos cabo-verdianos e seus descendentes em São Tomé, Ulisses Correia e Silva disse ser o que "os são-tomenses vivem como são-tomenses".
"É o resultado e vai continuar a ser o resultado do próprio desenvolvimento do próprio país", adiantou.
As delegações de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe iniciaram hoje as negociações com vista a definir áreas de cooperação bilateral, no âmbito da visita oficial de cinco dias que o primeiro-ministro cabo-verdiano efectua ao país.
As primeiras conversações decorreram hoje de manhã nas instalações do
"As nossas relações dispensam comentários, elas assentam numa história, na língua e cultura comuns e em fortes laços de consanguinidade", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades são-tomense, Urbino Botelho, no encontro, que durou 90 minutos.
Urbino Botelho recordou que São Tomé e Príncipe e Cabo Verde têm um acordo geral de cooperação e acordos nas áreas da Educação, Agricultura e Saúde, e que o seu governo "perspectiva também a assinatura de mais acordos" para "reforçar cada vez mais" a relação bilateral.
O ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Luís Filipe Tavares, defendeu neste encontro a necessidade de os dois países retomarem a comissão mista suspensa há vários anos.
"Queremos retomar as comissões mistas. Queremos ter embaixadores nos dois países, temos vários acordos de cooperação assinado nos últimos 40 anos e creio que temos as condições de trabalharmos mais para aproximarmos ainda mais os nossos dois países", disse Luís Filipe Tavares.
O governante cabo-verdiano sublinhou que o seu país tem experiência em áreas como as tecnologias de informação, comunicação e inovação, energias renováveis, desenvolvimento económico e consolidação do Estado do Direito Democrático que quer partilhar com São Tomé e Príncipe, bem como outras áreas novas que poderão ser identificadas ao longo das conversações.
O ministro cabo-verdiano avançou ainda que o seu país quer estabelecer um diálogo político aberto com São Tomé e Príncipe para discutir questões de âmbito internacional, particularmente a nível da Organização das Nações Unidas e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).