​Acordo entre adversários é “sentimento de derrota” – Simões Pereira

PorExpresso das Ilhas, Lusa,23 nov 2019 8:18

Domingos Simões Pereira
Domingos Simões Pereira(Lusa)

O candidato às presidenciais guineenses de domingo Domingos Simões Pereira considerou ontem que constitui "um sentimento de derrota" o acordo que os seus adversários se preparam para assinar para apoiarem um candidato único contra si numa eventual segunda volta.

Em declarações à agência Lusa à margem do comício de encerramento da campanha eleitoral, o candidato apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) referiu que esse anúncio “a dois dias das eleições” só pode significar “um sentimento de derrota” e a “intenção de questionar ou colocar em causa aquilo que é a liberdade de escolha do povo guineense”.

O candidato disse esperar “que o povo guineense saiba compreender isso e saiba responder a isso”, à margem do comício no estádio Lino Correia, palco tradicional do comício que encerra as campanhas do PAIGC, que juntou milhares de apoiantes do líder do partido.

O acordo foi anunciado à Lusa pelo Presidente cessante, José Mário Vaz, que se recandidata ao cargo como independente, e pelo candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), Umaro Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas na cidade da Praia, Cabo Verde.

Questionado sobre se teme perder as eleições por causa desse acordo, Domingos Simões Pereira respondeu que não.

“O meu pacto é com o povo guineense, desde o início que a minha preocupação não é convencer os candidatos, é ter a preferência do povo guineense e continuar a ter uma mensagem que seja capaz de mobilizar o povo guineense”, disse.

O candidato do PAIGC manifestou-se satisfeito com a mobilização popular durante a campanha, referindo que a imagem do estádio nacional repleto de gente “fala por si”.

“Aqui não cabe mais ninguém, eu encontrei isto por todo o país”, disse, manifestando a esperança de que haja “transparência nestas eleições” e que “as coisas aconteçam em clima de tranquilidade e que o povo guineense se possa expressar”.

Sobre se tem confiança numa vitória à primeira volta, respondeu: “não sou eu que acho, é o povo que acha que há uma urgência e uma necessidade”.

Questionado sobre a sua prioridade caso seja eleito, referiu que será “unir o povo guineense, voltar a ter uma mensagem de confiança ao povo guineense”.

“Nós, enquanto povo, tanto no país como na diáspora, sentimos que pertencemos a um país viável, a um país provável e tudo depende de nós”, disse.

Em declarações à agência Lusa antes da chegada do candidato ao local do comício, o vice-presidente do partido e presidente da Assembleia Nacional, Cipriano Cassamá, referiu que é preciso trabalhar “para melhorar as condições de vida da população, diminuir a pobreza e resgatar a credibilidade internacional da Guiné-Bissau, que “merece um grande respeito”.

Questionado sobre o acordo que os candidatos opositores anunciaram para todos apoiarem o candidato que entre eles passar à segunda volta contra Simões Pereira, o vice-presidente do partido referiu que isso “não mete medo” ao PAIGC.

“Temos feito um bom trabalho, temos confiança no nosso trabalho e nos nossos militantes. Isto é uma demonstração de força”, disse, apontando para a multidão que enchia o estádio.

Por seu lado, o economista Paulo Gomes, que foi candidato independente nas eleições presidenciais de 2014, disse à Lusa que Domingos Simões Pereira pode ser “a ponte entre os ciclos difíceis que o país atravessou para uma nova paz na Guiné-Bissau e para promover o desenvolvimento económico”.

Admitindo que “não vão ser momentos fáceis”, o economista referiu que Simões Pereira “tem experiência para fazer o país avançar” e agregar a diáspora e o potencial interno que não foi valorizado até agora”.

Questionado sobre o acordo que está a ser preparado pelos opositores do candidato do PAIGC, referiu que Umaro Sissoco Embaló, candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (MAdem G15) “é um patriota, mas sem experiência”.

Já em relação ao Presidente cessante, José Mário Vaz, que se recandidata como independente, considerou que “não é um patriota” e “foi uma desilusão total”.

“Decidiu ficar no mau lado da história. O que lhe desejamos é que possa ter uma boa reforma para refletir sobre o potencial que fez o país perder”, disse Paulo Gomes.

Questionado sobre a sua ambição política e se admite vir a ser primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Paulo Gomes referiu que neste momento “a prioridade é deixar o Presidente construir as bases de um diálogo” e que “a partir daí tudo é possível”.

O estádio estava repleto e do lado de fora dos muros os militantes amontoavam-se em cima de camiões para poderem assistir ao comício de fim de campanha de Domingos Simões Pereira.

Até uma baliza desativada servia de bancada, com dezenas de jovens a tentarem manter o equilíbrio em cima da barra.

O comício foi também uma oportunidade de negócio com dezenas de vendedores a aproveitar os milhares de potenciais clientes a quem vendiam comida e bebida.

Já o staff distribuía gratuitamente máscaras com a cara do candidato.

Além das camisolas brancas com a mensagem “Gossi i Guine Bissau” (agora é a Guiné-Bissau) no peito e a bandeira da Guiné-Bissau, que tem as mesmas cores da do PAIGC, na manga, as mulheres tinham vestidos ou saias de várias cores com a fotografia de Domingos Simões Pereira e a sigla DSP.

Antes de subir ao palco para animar os militantes, a cantora guineense Eneida Marta disse à Lusa que Domingos Simões Pereira “tem capacidade organizativa para fazer as coisas e reunir consensos para o país evoluir”, considerando que “chegou o momento da Guiné-Bissau”.

A campanha para as eleições presidenciais de domingo, a que concorrem 12 candidatos, terminou sexta-feira.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,23 nov 2019 8:18

Editado porFretson Rocha  em  12 ago 2020 23:21

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