Ao longo da caminhada, no percurso Estádio da Várzea/Consulado da Guiné-Bissau, no Palmarejo, os manifestantes aproveitaram para, no final, entregar uma carta ao embaixador Mbála Fernandes.
Os manifestantes empunharam cartazes com algumas frases e, ao mesmo tempo, lançaram palavras de ordem como “o nosso voto não é lixo”, “exigimos respeito”, “em democracia a maioria é que vence”, “abaixo ladrões de arroz”, “Jomav basta”, “Jomav respeite a vontade do povo”, “queremos o novo Governo já”.
Em declarações à Inforpress, um dos organizadores Pedro Barbosa Mendonça considerou ser “perigoso” que 70 dias após as eleições legislativas ainda não haja um Governo na Guiné-Bissau, devido ao impasse para a constituição da mesa da Assembleia Nacional Popular.
“Nós estamos a exigir a valorização do nosso voto. Nós decidimos, o Governo tem que ser formado, é essa a nossa exigência na Guiné como na diáspora. Isso é imperativo e vamos continuar na mesma linha que estamos hoje, ou seja, as manifestações continuam”, assegurou.
Pedro Barbosa Mendonça disse ter acompanhado uma entrevista do Presidente da República da Guiné-Bissau, em que ele alega que a nomeação do Governo não depende só dele.
“Não é verdade. O artigo 68 alinha I diz claramente que a nomeação e exoneração de qualquer Governo compete ao Presidente da República. O Presidente da República não pode legar essa competência para outra pessoa”, responsabilizou.
Para o representante da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), na Cidade da Praia, Domingos Augusto, com esta marcha pacífica, os guineenses procuraram exigir os seus direitos.
“O Presidente da República mantém-se em silêncio e nós estamos à espera do seu resultado. Ele tem que fazer alguma coisa para que possamos sair desse impasse que estamos”, disse.
Depois de Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para o cargo.
O Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com 48.
O PAIGC, liderado por Domingos Simões Pereira, venceu as eleições de 10 de Março, na Guiné-Bissau. Em coligação com outras forças políticas, está pronto para formar governo, garantindo uma maioria no Parlamento. Até agora, José Mário Vaz, que no passado afastou Simões Pereira do cargo de Primeiro-Ministro, não indigitou o novo chefe de governo.