Artigos de Arsénio de pina no nosso arquivo
Como fiz o que pude como João Semana nas ilhas cabo-verdianas (4)
Quando já tinha direito a gozar licença graciosa em Portugal, que solicitei, saiu no B.O. a minha transferência para a ilha do Fogo. Já tínhamos um novo descendente que, infelizmente, veio a falecer no Fogo por falta de recursos e de conhecimentos pediátricos para prevenir e tratar desidratações graves.
Como fiz o que pude como João Semana nas ilhas cabo-verdianas (3)
Chegámos a S. Vicente para o serviço de Sanidade Marítima no Porto Grande e de Delegacia de Saúde com atraso de um mês, por o navio de carreira que nos deveria transportar se ter encalhado, sem hipótese de recuperação, a bordo do navio Primus (uma velha traineira a motor), eu, a Sílvia (grávida) e o filho, que tiveram a sorte de ficar no camarote cedido pelo comandante bravense, que nos conhecia, comigo no porão, por cima de sacos contendo sementes de purgueira carregados no Fogo. O filho (Hermano), contagiado pelas queixas bravenses dizia, “mamã dói-me o coração” (que era enjoo) e vomitava sobre a mãe.
Como fiz o que pude como João Semana nas ilhas cabo-verdianas (2)
Chegámos à Brava em Novembro de 1967; cruzámo-nos com o médico do Fogo no Porto da Furna, que tinha ido à ilha observar um padre Capuchinho vítima de hemoptises, a minha primeira consulta e doente, mal cheguei à vila.
Como fiz o que pude como João Semana nas ilhas cabo-verdianas (1)
A figura de João Semana, criada pelo médico e escritor Júlio Diniz, representava o médico na província, no tempo do meu pai e antes, sem recursos laboratoriais, sem imagiologia e sem outros meios, somente existentes em certos meios urbanos. Foi o que aconteceu com o meu pai em Cabo Verde, na Ilha Brava, quando aí chegou, na década de vinte do século passado, onde dispunha de três cavalos para poder atender a clientela, e noutras ilhas onde trabalhou, prevenindo-se antes, em Lisboa, frequentando uma escola de equitação. Outros colegas tiveram trajecto semelhante nessas épocas.
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