Quem o diz é o presidente da liga carnavalesca, Marco Bento.
O responsável, em declarações à Rádio Morabeza, explica que a LIGOC se está a reger pelo seu Estatuto, segundo o qual, a entrada de um grupo carnavalesco na organização implica ser sócio transitório, o que requer a sua participação num “desfile de grupo de acesso”, no sentido de provar a sua capacidade técnica e de organização.
“O Estatuto diz que qualquer grupo carnavalesco que entrar na liga tem que entrar como sócio transitório, que por conseguinte passa por um desfile que chamamos de desfile de grupo de acesso que lhe dá a oportunidade de mostrar a capacidade técnica e de organização para poder desfilar no Carnaval de 2020. Neste Carnaval de 2019 vão ser avaliados os grupos que estão ali [Vindos do Oriente, Monte Sossego, Cruzeiros do Norte e Flores de Mindelo], e o que ficar no último lugar desce de divisão”, explica.
Marco Bento diz que o desfile de acesso do Estrelas do Mar pode ser feito no sábado, domingo ou segunda-feira, antes do Carnaval, não beneficiando do desfile nocturno. Após a apresentação, e aprovada a sua capacidade técnica e de organização, o grupo carnavalesco pode participar no concurso oficial de 2020.
Marco Bento explica que o objectivo é introduzir competitividade no Carnaval mindelense. também garante que não se trata de uma tentativa de exclusão.
“Claro que não, pelo contrário, estamos a precisar do Estrelas do Mar praticamente este ano para poder melhorar o Carnaval de São Vicente, e criar um precedente onde haverá uma liga de acesso. O Estrela do Mar é importante nesse papel”, garante.
Estrelas do Mar quer desfilar para o bem do Carnaval
O Estrelas do Mar diz que continua aberto a marcar presença na festa do Rei Momo do próximo ano. O presidente do Grupo, Papi Tavares afirma a sua participação tem por objectivo trazer brilho ao Carnaval mindelense. A posição do responsável foi apresentada esta quinta-feira, no programa 40 Graus da Rádio Morabeza.
“Estamos mesmo abertos a participar. A nossa participação não é para a LIGOC mas sim para o bem do Carnaval de São Vicente. Temos um projecto bem definido, completo, orçamentado e pronto a executar. Existe um regulamento, acredito que todo o jogo deve ter regras, mas acredito que estrelas do mar obedece as regras do jogo”, afirma.
Papi Tavares lembra que mesmo antes da formação da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval, o Estrelas do Mar já tinha feito um pedido oficial à Câmara Municipal para desfilar. Por isso pede uma reflexão sobre o regulamento, se realmente reflecte a realidade do Carnaval de São Vicente.
“Antes da formação da LIGOC já tínhamos um pedido oficial, carimbado pela Câmara, que nunca teve um despacho. Ficamos aqui como uma bola de ping-pong entre Câmara e LIGOC para depois, no fim, nos dizer que a responsabilidade do desfile oficial é da LIGOC. Mas ainda estou a espera do regulamento que diz isso. O regulamento fala de uma liga de acesso, como se fosse uma segunda divisão. Quais são as equipas? Com quem estamos a competir? Então, para mim, num ano zero, devia ter flexibilidade e ver se realmente o que foi pensado e escrito no regulamento justifica a realidade do nosso Carnaval de São Vicente”, entende.
Também ontem, em conferência de imprensa, o bicampeão do carnaval de Mindelo, Vindos do oriente pediu mais respeito pelo Estrelas do Mar.
“Acho que um grupo como o Estrelas do Mar merece mais respeito. Não estou a dizer que deve entrar [no desfile], que tem que ter as mesmas condições que os outros. A minha posição foi clara quando o Estrelas do Mar manifestou vontade e desejo de participar no carnaval, aliás, foi em 2018 mas como tiveram algumas impossibilidades deixaram para 2019”, diz.
Contactados pela Rádio Morabeza, os outros grupos oficiais remeteram qualquer pronunciamento para a LIGOC.
O Grupo Estrelas do Mar, fundado em 1973, está de regresso ao carnaval de São Vicente. O seu último desfile aconteceu em 2012.