Segundo Abraão Vicente, a base da petição do jovem, tem um erro histórico. “O descobridor a quem ele atribui a descoberta de Cabo Verde, está provado que não descobriu, porque falseou a descrição das ilhas de Cabo Verde. Quem descobriu foi Diogo Gomes, é a parte fixada daquilo que é a narrativa da história de Cabo Verde”.
Abraão Vicente frisou que é preciso haver clareza e não falar apenas sobre os picos das polémicas ou tomar decisões a sangue quente, e garantiu que não há estátuas a serem removidas em Cabo Verde.
“A história de um país é feita por todos os seus momentos, autores e não temos que entrar nessa polémica só porque está na moda. Quem quer polemizar tem que conhecer o fundamento da História. Nota-se, nos debates que se estão a fazer nas redes sociais, um profundo desconhecimento da história de Cabo Verde”, assegura.
Por outro lado, disse, temos que erguer monumentos aos momentos da nossa História que estão silenciosos, como a revolta do Monte Agarro, quando quatro mil escravos quiseram assaltar o Plateau e chacinar toda a elite branca.
“A revolta do Pelotão dos Açores, o monumento a independência de Cabo Verde como deve ser... ou seja temos que construir, erguer e dar visibilidade à nossa história de uma maneira que ainda não teve”, indica.
O governante afirmou que é preciso estudar a História do país para perceber que há de facto todo um conjunto de movimentos sociais ligados à independência de Cabo Verde a que é preciso dar visibilidade, em monumentos e estátuas. “É preciso uma intervenção assertiva da parte do Estado para investir na construção desses monumentos”.
Abraão Vicente lembrou que a estátua de Diogo Gomes já tinha sido removida e depois reposta e frisou que se deve mudar todo o movimento de mudança de nomes das ruas, tanto em Mindelo como na Praia.
E acrescentou que a história do país merece ser contada e que o espírito revanchista não deve ser alimentado. “Sou absolutamente contra mexer nos monumentos públicos já existentes em nome de um momento de pico de indignação. Temos que construir e não destruir, a nossa história que tem que ser plena, há muitos heróis vivos que merecem ainda a nossa homenagem e há muitos momentos históricos que tem que ser sintetizados e postos a concurso público para levantarmos outros monumentos da nossa História”, resumiu.
Abraão Vicente sublinhou ainda que é normal e positivo que haja esse debate, mas que Cabo Verde deve evitar a todo custo entrar na onda da destruição da sua memória.