Chico Serra abriu o coração à imprensa após pisar o palco juntamente com Carlos Matos, músico cabo-verdiano residente na Holanda e que fez as honras da casa ao abrir as apresentações, acompanhado de um trio de outros músicos residentes no País.
O emigrante pianista, que agora já tem planos de gravar trabalhos e fazer turnês com o trio, também protagonizou um dos melhores momentos da noite ao partilhar o piano com aquele que foi seu mestre e homenageado desta edição do Mindel Summer Jazz, Chico Serra.
Os dois interpretaram a quatro mãos o “Repicav”, de Manuel d'Novas.
Um momento que, como assegurou Chico Serra, o deixou feliz, embora tenha sido somente essa música que lhe foi permitido interpretar em palco, para o público da ilha que o viu crescer.
"Toco música cabo-verdiana, mas apanho até morna e coloco em Bossa Nova. Se tenho uma banda, guitarra e baterista posso tocar morna à minha maneira com jazz pelo meio”, realçou, com outros lamentos direccionados aos sucessivos governos que “não valorizaram” a sua trajectória de 73 anos como músico.
Polémicas à parte, Chico Serra disse guardar o sonho de gravar um disco mesmo já com 77 anos de idade completos, até porque, garantiu, vai continuar a tocar "até ao dia que Deus quiser".
Nas actuações da Pracinha do Liceu Velho, ex-Liceu Gil Eanes, seguiu-se os “Prét e Brónk”, quarteto já habitual do festival e marcado pela irreverência da juventude que o compõe. Este se fez acompanhar da “estrondosa” voz de Sílvia Medina.
Abalaram a noite com a fusão de jazz com ritmos de Cabo Verde e do mundo, entremeado ainda por um momento de homenagem ao falecido artista Biús.
O fecho deste primeiro dia coube aos artistas Roberto Fonseca e Andres Coayo, vindos directamente da Cuba e acompanhados do quarteto, que inundou a pracinha, com ritmos latinos.
A edição do Mindel Summer Jazz continua na noite de hoje com as actuações de Kavita Shah, norte-americana que se diz apaixonada por Cabo Verde, Jacky Terrassom, representando França e Alemanha, e Jowee Bash Omicil, músico com dupla nacionalidade, Haiti e Canadá, e que já se tornou uma das “mobílias” (presença assídua) deste festival de jazz mindelense.