Primeiros Passos e Desenvolvimento
A instituição começou a funcionar sem verba própria, mas, actualmente, opera com um orçamento que permite investir em acções como edições e reedições de obras, a implementação do Plano Nacional de Leitura, entre outras iniciativas. Ao longo dos anos, milhares de alunos, professores e utilizadores passaram pela Biblioteca durante os seus percursos educativos.
Joaquim Morais foi o primeiro presidente da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, ocupando o cargo durante 15 anos. Desde então, sete dirigentes, entre curadores e presidentes, lideraram a instituição.
Na sessão comemorativa dos 25 anos da BNCV, realizada na passada sexta-feira, 29 de Novembro, Joaquim Morais recordou os primeiros anos da instituição, descrevendo-a como um projecto que começou “do nada”.
“Quando visitei a Biblioteca, acompanhado pelo então Ministro da Cultura, António Jorge Delgado, observámos as pequenas obras em curso. Mais tarde, ao recebermos as chaves, encontramos belas salas, mesas, cadeiras e estantes, mas a administração não dispunha nem sequer de cortinas”, relatou Morais.
Apesar das dificuldades iniciais, Joaquim Morais procurou parcerias para transformar a Biblioteca no espaço que é hoje. Destacou a colaboração extraordinária de António Jorge Delgado, que, mesmo sem orçamento disponível, providenciou pequenos apoios financeiros, permitindo à instituição recrutar funcionários e dar os primeiros passos.
O primeiro orçamento oficial só foi disponibilizado em Agosto de 2001. “De Novembro de 1999 até então, aguentámo-nos como pudemos, mas o importante é que conseguimos fazer algo significativo”, afirmou.
Ao longo dos anos, a Biblioteca foi consolidando o seu papel cultural e fortalecendo parcerias, destacando-se a cooperação portuguesa. Morais sublinhou que, sem essa colaboração, a Biblioteca não teria alcançado o que é hoje.
“Na ausência de funcionários, formámos pessoas e desenvolvemos programas. Durante uma viagem a São Nicolau, consegui financiamento para a formação da equipa, que se revelou essencial para o crescimento da instituição.”
Celebração dos 25 Anos
As celebrações dos 25 anos da Biblioteca Nacional foram marcadas por uma homenagem ao seu primeiro presidente, pela abertura oficial da Feira do Livro – Especial Natal, e pela inauguração da Exposição “25 Anos da BNCV”. O evento foi uma oportunidade para relembrar a história da instituição através dos testemunhos de pessoas que por lá passaram.
Matilde Santos, actual presidente do Instituto da Biblioteca Nacional, destacou a importância da data para reflectir sobre as ações desenvolvidas e para promover um serviço de qualidade. Segundo ela, o futuro das bibliotecas passa pelo mundo digital, mas o predomínio dos formatos digitais não deve ser encarado como uma ameaça:
“Propomos, para os próximos anos, incentivar a produção de obras em vários formatos – impressos, e-books, audiolivros, entre outros – com o objectivo de reforçar a nossa política de inclusão literária, alinhada com o Acordo de Marraquexe, ratificado por Cabo Verde em 2018.”
Matilde Santos reforçou que o compromisso com a excelência requer a continuidade de parcerias estratégicas com entidades públicas e privadas, tanto nacionais como internacionais.
Por sua vez, o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga, destacou o papel fundamental da Biblioteca Nacional na cultura cabo-verdiana. Realçou o impacto de iniciativas como o Plano Nacional de Leitura, implementado em parceria com o Ministério da Educação, que tem contribuído significativamente para a melhoria da literacia de crianças e jovens.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1201 de 04 de Dezembro de 2024.