Fábio Ramos apresenta Um cálice d’nha terra no Mindelo

PorDulcina Mendes,21 dez 2024 8:28

O artista Fábio Ramos vai apresentar o seu primeiro álbum, “Um cálice d’nha terra”, num concerto que está marcado para o dia 27 deste mês, no CNAD (Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design), em São Vicente. A informação foi avançada pelo artista numa entrevista ao Expresso das Ilhas.

Fábio Ramos revelou que está a preparar um bom concerto e uma surpresa para aqueles que vão assistir ao espectáculo. “Um cálice d’nha terra” foi lançado recentemente com o selo da produtora Harmonia. Formado por dez faixas musicais, o disco fala de amor, saudade e viagens.

Natural de São Nicolau, Fábio Ramos cresceu em São Vicente, mas esteve durante alguns anos a trabalhar como marinheiro, uma profissão que herdou do pai e do avô. Foi depois de participar no concurso musical “Todo Mundo Canta”, em São Vicente, que Fábio decidiu seguir a música.

Álbum

Segundo o artista, este disco fala um pouco da sua vida. “Acredito que tem um pouco de tudo aquilo que tenho vindo a fazer desde o início da minha carreira artística até agora. No disco, há temas que já têm mais de dez anos”.

Fábio conta que começou a dedicar-se à música profissionalmente em 2018. Por isso, considera que este trabalho é reflexo da sua vida, trazendo sentimentos profundos e abordando a família. “O álbum fala um pouco da minha maneira de ser, de como vejo as coisas, de como levo a vida, e é muito sobre a família também. As pessoas que já o ouviram têm-me dado um feedback muito positivo, derivado da forma como encaro as coisas e do sentimento que transmito pela minha gente e pela família”, realça.

O artista afirma que o nome do disco surgiu em 2017, em Santo Antão, durante um convívio com colegas. “Foi num encontro de amigos que surgiu a música, em Santo Antão, enquanto apreciávamos os lugares. A melodia veio naturalmente, estávamos com uma guitarra, e uma coisa levou à outra, num momento de muita morabeza e emoção”.

O tema “Um cálice d›nha terra”, conforme explica, foi das primeiras melodias a surgir. A partir desse ponto, acabou por compô-lo, e “nos últimos dois anos dedicámo-nos à produção do disco”.

Fábio Ramos revela que começou a escrever muito antes de optar por seguir a música profissionalmente. “A música sempre fez parte da minha vida; sempre tive esta coisa de escrever. Sabendo que tinha esta paixão há muito tempo, não foi difícil. Já tinha o trabalho feito”.

“A única parte que considerei cansativa foi seleccionar os temas que ia incluir no disco. Isto exige responsabilidade, porque os meus temas estão focados e ancorados na música tradicional”, destaca.

Estilo

Em relação ao estilo musical, Fábio diz que o álbum está muito concentrado na música tradicional, com coladeira, batuque e morna. O artista começou no rap, passou pelo reggae, mas foi a música tradicional que decidiu explorar.

“O estilo com que mais me identifico é a morna. No meu álbum, tenho duas mornas da minha autoria. Nos dois temas, conto com a participação de Jenifer Solidade; o outro é uma homenagem a um primo meu que faleceu em 2012”, refere.

Quanto à oportunidade de gravar com a produtora Harmonia, esclarece que surgiu em 2022. “Desde 2022, assinei com José (Djô) da Silva e, até hoje, temos vindo a trabalhar com muito orgulho e prazer. Faço parte desta equipa”.

Feedback

O artista diz estar muito feliz e emocionado com todas as mensagens de carinho recebidas com a chegada do seu primeiro trabalho discográfico. “Estou emocionado, é uma alegria e é gratificante receber cada mensagem de carinho e abraço das pessoas na rua. Tenho recebido um bom feedback, e as pessoas até me têm agradecido pelo trabalho que já lançámos no mercado”.

“Este gesto é muito importante para mim. Abri mão de um trabalho estável que tinha como marinheiro num barco holandês. Poderia ter construído a minha vida nesse ramo, com tranquilidade. O mundo da música é complicado, e é preciso estar muito concentrado para não perder o foco facilmente”, relata.

Por isso, Fábio afirma estar emocionado com cada mensagem de carinho e incentivo que recebe. “O público tem mostrado que estou no caminho certo. Recebo incentivo para continuar o trabalho que estou a fazer”.

“Faço música com muito amor. Faço por gosto, por mim, porque me sinto bem, antes de tudo. Receber este carinho do público é algo que não tem preço, é gratificante. Só tenho a agradecer: é mesmo uma alegria”.

“A música sempre foi a minha paixão, e é isso que estou a lutar para conquistar. Tenho o apoio dos meus pais, o que para mim é fundamental. Sem eles, não estaria aqui”, enfatiza.

Referência musical

Fábio conta que a sua referência na música é Paulino Vieira. “Nunca tive oportunidade de estar com ele, mas é um artista completo, pelo trabalho que tem feito e pela contribuição que deu à música cabo-verdiana. Paulino Vieira é um artista que coloco num patamar muito elevado, e acredito que artistas como ele não voltarão a surgir”.

Sonho

O artista afirma que quer deixar o seu legado na música cabo-verdiana. “Quero deixar um historial do tipo do que Paulino Vieira fez pela nossa música, para que, quando partir deste mundo, continuem a cantar e a interpretar os meus trabalhos”.

Espera, ainda, que a geração mais nova o veja da mesma forma que ele vê artistas como Paulino Vieira, Bana, Ildo Lobo, Cesária Évora e outros tantos. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1203 de 18 de Dezembro de 2024.

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Autoria:Dulcina Mendes,21 dez 2024 8:28

Editado pormaria Fortes  em  21 dez 2024 11:21

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