Fátima Bettencourt lança livro biográfico sobre Humbertona

PorAnilza Rocha - Estagiária,11 out 2025 13:44

“Humbertona: Minha Vida, o Tempo e o Modo”, é o livro da escritora cabo-verdiana, Fátima Bettencourt, a ser lançado a 14 de Outubro na Cidade da Praia, e dois dias depois, 16, em São Vicente. A escritora conta, nesta vibrante biografia de Humbertona, uma vida dedicada ao país, à arte e aos sonhos e esperanças da sua Nação.

A ideia inicial de Fátima Bettencourt de ser ela mesma a contar a história do seu irmão, mudou. O livro resulta então de testemunhos vivos e presentes que guardam com carinho memórias de Humberto Bettencourt Santos, falecido em 2023, em São Vicente, aos 83 anos.

O Público terá em mão um texto com dois narradores contando, alternadamente e em complemento, a mesma história. Importa realçar que o livro, de 283 páginas, é publicado pela editora Rosa de Porcelana.

“Um texto que cresce na medida exata do sentimento fraterno de irmãos que vicissitudes várias colocam, durante 9 longos anos, em pontos opostos do globo, nos recuados tempos de repressão e desesperança em que nem correios, nem telegramas, nem Internet nos podiam mitigar e suavizar as distâncias”, narra a autora na Nota de Leitura do livro.

Fátima Bettencourt caracteriza essa aventura, como “quase um dever”, de juntar os pedacinhos de vida vividos pela personagem principal, sob outros céus, para formar um todo minimamente compreensível.

Surge aí, para a escritora, a necessidade, oportunidade e privilégio de agregar apoios através de depoimentos, testemunhos, artigos, poemas, comentários, telas, documentos, fotos, transformando o projecto do livro numa obra colectiva carregada de simbolismo.

Na jornada inicial da escrita, percebe que a sua ideia é bem-aceite e ansiosamente esperada por antigos companheiros de escola, colegas de trabalho, desporto, lazer, tocatinas, emigração e militância política, sem esquecer o complexo capítulo de estudante/emigrante/trabalhador.

Esta última categoria, que abrange vivências extensas como trocas de cortinas, apanha de ervilhas, banda sonora em palcos nobres ou de quinta categoria, protagonista de filme, edição de livros e discos, desenhos das respetivas capas. Assim como o activismo político em correrias pelos Países Baixos angariando adeptos para a causa da Independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, dinamização de grupos desportivos e associações recreativas e sociais, organização de uma república de estudantes de surpreendente longevidade.

“E o violão sempre presente, quer por obrigação, quer por paixão, ou apenas para matar as saudades da terra. Nada disto impediu que Humbertona desse continuidade e terminasse com sucesso a Licenciatura em Economia Aplicada”, descreve.

O livro, esperado por muitos, convida os leitores a conhecer as aventuras de vida de Humbertona, passando de página a pagina numa leitura que alterna fotos e depoimentos.

Uma carreira para além da Música

A carreira de Humbertona vai para além da música. Foi embaixador, chefe de missão junto das Nações Unidas e membro da delegação responsável pelas negociações com Portugal dos termos e acordos para a Independência Nacional.

Também foi ainda gestor empresarial e presidente do conselho de administração da CVTelecom durante mais de dez anos, cônsul honorário da Holanda e Bélgica, consultor e membro da comissão de honra da candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade. Nasceu em 1940 em Santo Antão, e faleceu aos 83 anos, em São Vicente.

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Sobre a autora

Fátima Bettencourt nasceu em Santo Antão, mas é em S. Vicente que cresce e estuda o liceu. Em Lisboa faz o Curso do Magistério Primário, tendo exercido a profissão de professora em algumas ilhas do país e também em Portugal, Angola, Guiné-Bissau para terminar a carreira em Cabo Verde na Rádio Educativa. Como actividade paralela exerceu a de jornalista radiofónica como produtora e apresentadora de programas em Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau. É membro da Associação de Escritores Cabo-verdianos e membro fundador da Academia Cabo-verdiana de Letras, a cuja direcção pertence.

Foi galardoada com o Prémio Eugénio Tavares da Crónica Jornalística pela AEC em 2006. Foi condecorada em 2005 pelo Governo de Cabo Verde com a medalha de Mérito Cultural e em 2010 pelo Presidente da República com a medalha do Vulcão pela atividade desenvolvida na área da cultura.

Foi homenageada na Praia pela OMCV e ICIEG pelo valioso contributo na luta pelo empoderamento da Mulher em Cabo Verde, em 2011. Foi homenageada em Mindelo pela Academia Cabo-verdiana de Letras e o CCM pelo excelente contributo na área da Cultura, em Abril de 2021.

Foi igualmente homenageada no Primeiro EILLAP – Encontro Internacional Lusófono de Literatura, Arquitetura e Património, e, em Mindelo, pelo Governo de Cabo Verde e pela Câmara Municipal, com uma silhueta num jardim público da cidade, em Julho de 2024.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1245 de 08 de Outubro de 2025.

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Autoria:Anilza Rocha - Estagiária,11 out 2025 13:44

Editado porJorge Montezinho  em  11 out 2025 18:19

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