São Vicente: Carnaval 2026 mantém-se. Augusto Neves fala em “instrumentalização política” de quatro grupos

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,18 nov 2025 14:15

A Câmara Municipal de São Vicente e a direção executiva da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de São Vicente (LIGOC-SV) asseguram a realização do desfile e do concurso do Carnaval de 2026, apesar da decisão em sentido contrário de quatro grupos. O presidente da autarquia, Augusto Neves, acusa esses grupos de estarem a usar o evento para fins partidários e políticos, e adianta que está a avaliar a possibilidade de reassumir a organização do evento.

A posição conjunta da edilidade e do presidente da LIGOC-SV, hoje apresentada em conferência de imprensa, surge em resposta às alegações dos presidentes dos grupos Monte Sossego, Vindos do Oriente, Escola de Samba Tropical e Estrela do Mar, que atribuem à CMSV a responsabilidade pela sua não participação nos desfiles.

Augusto Neves fala em instrumentalização do Carnaval para fins partidários e políticos.

“A Câmara Municipal de São Vicente lamenta profundamente que esse grupo, composto maioritariamente por dirigentes filiados ou próximos do PAICV, tenha transformado um assunto cultural numa plataforma de disputa política e de ajustes de contas políticas com o Presidente da Câmara Municipal de São Vicente. Não passa despercebido à população que a decisão agora anunciada por esse grupo surge num contexto de evidente instrumentalização do Carnaval para fins partidários. Não é esse grupinho, liderado pelos candidatos da lista do PAICV disfarçados, que vai cancelar o Carnaval para depois, na campanha eleitoral, tirarem proveito político”, acusa.

Relativamente às exigências dos quatro grupos, Augusto Neves refere que São Vicente continua em situação de calamidade na sequência da tempestade de 11 de agosto, enfrentando uma grave situação social, pelo que, neste contexto, considera as exigências absurdas.

“Exigir, nesse contexto, que a autarquia realize estudos de impacto económico sobre o Carnaval, liberte subvenções extraordinárias, construa estaleiros de imediato, disponibilize uma sede à LIGOC, é uma postura leviana, absurda e caricata, desfasada da realidade e insensível ao momento que a ilha atravessa. Nenhuma destas exigências constitui motivo válido, racional ou ético para pensar em cancelar o Carnaval de São Vicente”, diz.

O edil mindelense reafirma que o Carnaval de 2026 vai realizar-se com ou sem a participação desses grupos e que os interessados em desfilar terão todo o apoio institucional, para além de um reforço do financiamento, em consequência da não participação de todos os grupos.

Perante a situação, Augusto Neves informa que a Câmara Municipal está a reavaliar o protocolo existente com a LIGOC, podendo, se necessário, retomar a organização direta do evento, como acontecia no modelo anterior.

Direção executiva da LIGOC-SV considera “imprópria” decisão de quatro grupos

Presente na mesma conferência de imprensa, o presidente da direção executiva da LIGOC-SV, Marco Bento, demarca-se da decisão dos quatro grupos de não realizarem o desfile oficial. O responsável afirma que a decisão do Conselho Deliberativo é “imprópria” e não reflete a totalidade das posições internas.

“Apesar de reconhecermos a legitimidade das preocupações apresentadas pelo Conselho Deliberativo, algumas das quais partilhadas pela Direção Executiva, entendemos que a decisão de anunciar de forma categórica a não realização dos desfiles oficiais é imprópria e não reflete a totalidade das posições internas da LIGOC e da Câmara Municipal. Compete à Direção Executiva da LIGOC garantir que nenhum grupo seja impedido de desfilar por divergências internas. Assim, a Direção Executiva compromete-se a criar todas as condições logísticas e administrativas necessárias, em articulação com a Câmara Municipal, assegurar o enquadramento institucional e garantir que o desfile decorra com dignidade, segurança e organização”, refere.

Marco Bento alerta para o risco de a situação conduzir a um rompimento do protocolo existente entre as duas entidades, o que poderia transferir a organização do Carnaval de volta para a responsabilidade exclusiva da Câmara Municipal, como acontecia antes da criação da LIGOC. Este cenário, considerado um “retrocesso na autonomia cultural”, levaria à extinção da liga.

O responsável reitera a sua total disponibilidade para dialogar com a Câmara Municipal e apela à “responsabilidade, equilíbrio e serenidade em todos os órgãos da Liga”.

Quanto aos 50% do financiamento destinado aos grupos carnavalescos, que o Ministério da Cultura afirma já ter transferido, Marco Bento esclarece que esse montante se destina aos preparativos do Carnaval de 2026, dissipando as dúvidas levantadas pelos quatro grupos que decidiram não participar no desfile oficial.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,18 nov 2025 14:15

Editado porAndre Amaral  em  18 nov 2025 16:30

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