O edil considera que os grupos estão a aproveitar o atual momento de fragilidade e solidariedade que a ilha atravessa para pressionar e chantagear a Câmara Municipal.
“Vamos ter, sim, o nosso Carnaval em fevereiro de 2026. Temos trabalhado muito para que o Carnaval de São Vicente chegasse a esse patamar, e não são três ou quatro pessoas que, por oportunismo e motivações políticas e pessoais, irão decidir se há ou não Carnaval. Os que, por compromissos políticos e/ou pessoais, irão estar envolvidos nas campanhas eleitorais legislativas do próximo ano que deixem os outros trabalhar, pois, para nós, o Carnaval está em primeiro lugar. E todo o mundo sabe que, em todas as partes do mundo onde se faz o Carnaval, este é sempre um ato de profundo sacrifício, voluntarismo e não de interesses partidários ou pessoais”, diz.
Augusto Neves reagiu à conferência de imprensa dos grupos Monte Sossego, Vindos do Oriente, Estrela do Mar e Escola de Samba Tropical, que disseram não ter condições para preparar o Carnaval 2026. Neves sublinha que o Carnaval é feito pelo povo da ilha, financiado pela Câmara Municipal, Governo e entidades privadas, e que, apesar da situação excecional em São Vicente, com várias famílias afetadas, a festa continua a ser um símbolo da identidade mindelense.
“Pessoalmente, achei uma vergonha aproveitar este momento de fragilidade e de solidariedade da ilha para chantagear e reivindicar, pese todo o trabalho que tem sido feito e todo o esforço que a Câmara Municipal e as instituições que apoiam têm desenvolvido em prol da melhoria do nosso Carnaval. A autarquia acredita que, com o espírito de cooperação, compreensão e solidariedade, será possível ultrapassar este momento difícil e prepararmos, juntos, o regresso pleno do brilho e da alegria do Carnaval de São Vicente, símbolo maior da criatividade e da união do seu povo”, refere.
O presidente da Câmara Municipal de São Vicente afirma que a autarquia tem vindo a aumentar os subsídios para os seis grupos oficiais, tendo atribuído, em 2025, 4 mil contos a cada um, para além dos bilhetes das bancadas. Quanto à reivindicação de estaleiros funcionais, Augusto Neves anuncia a elaboração de um novo projeto a construir na Ribeira de Vinha, com apoio financeiro do Governo.
“A Câmara Municipal deve recordar aos grupos oficiais que, em 2008, foram construídos quatro grandes estaleiros na zona da Ribeira Craquinha, mas que os grupos os recusaram por considerarem que ficavam muito longe. Temos, hoje, elaborado um novo projeto de estaleiro mais ambicioso, que será construído oportunamente na entrada da Ribeira de Vinha, com o compromisso e apoio financeiro do Governo de Cabo Verde”, garante.
Apesar das críticas, Augusto Neves reafirma a abertura da autarquia ao diálogo com a LIGOC e os grupos carnavalescos “no momento próprio”, para encontrar soluções equilibradas que permitam manter viva a chama do Carnaval, respeitando as limitações impostas pela conjuntura atual.