Mário Semedo :“Assembleia Geral e Comité Executivo aprovaram subvenção às federações”

PorAndre Amaral, Agências,18 abr 2019 7:22

Mário Semedo
Mário Semedo

​O presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol viu, este fim-de-semana, o seu nome envolvido num alegado esquema de subornos pagos pelo actual presidente da Confederação Africana de Futebol. Antigo secretário-geral do organismo máximo do futebol africano, Amr Fahmy, alega que Semedo terá recebido 20 mil dólares por ordem do actual presidente da CAF. Mário Semedo nega e diz que Fahmy está “em processo de retaliação”.

Mário Semedo, presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, diz não perceber as razões que levaram ao surgimento de notícias de alegado suborno por parte do presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF).

Em entrevista ao Expresso das Ilhas, Mário Semedo explicou que “em Maio de 2017, na altura eu não era presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, realizou-se um congresso no Bahrein em que a Assembleia Geral da CAF e o Comité Executivo decidiram aprovar, por unanimidade, a atribuição de uma subvenção de 100 mil dólares às federações africanas em que 20% seriam destinados aos presidentes. Eu tenho a circular que foi enviada na altura a todas as federações africanas”.

Segundo Mário Semedo “desde essa data, anualmente há uma subvenção de 20 mil dólares para os presidentes das federações. É nesse quadro que se fez a transferência e que se faz, certamente, para os outros presidentes”. “É apenas isso”, garante o presidente da FCF.

Acusações do ex-secretário geral

A agência Reuters noticiou esta segunda-feira que a CAF tinha demitido Amr Fahmy, até agora secretário-geral da confederação, depois de este ter acusado Ahmad Ahmad de ter pago subornos a presidentes das federações de futebol africanas.

“O antigo secretário-geral está em conflito com o presidente da CAF e, na semana passada, foi demitido do cargo. Penso que está num processo de retaliação. Eu não consigo entender o porquê dessa acusação se essa decisão é da Assembleia Geral e que o Comité Executivo aprovou”, explica Mário Semedo.

Àquela agência noticiosa inglesa Amr Fahmy afirmou que tinha recebido ordens de Ahmad para “proceder ao pagamento de subornos no valor de 20 mil dólares aos presidentes das federações de futebol africanas”. Na lista, aponta a mesma agência, estão os presidentes das federações de futebol de Cabo Verde e da Tanzânia.

“Não corresponde à verdade. Não pode. Não acredito que sejamos apenas os dois. Não acredito porque é uma decisão de 2017 e, que eu saiba, todos os presidentes terão aceitado, porque a decisão foi por unanimidade”, alega Mário Semedo.

Demitido sem explicação

No mesmo documento a que a Reuters teve acesso, o presidente da CAF é igualmente acusado de pagar 830 mil dólares em equipamentos comprados através de uma empresa intermediária francesa chamada Tactial Steel.

Mas as acusações não se ficam por aqui. No documento está igualmente presente a acusação de que o presidente da CAF terá assediado quatro funcionárias da confederação, cujos nomes não são revelados.

Ahmad Ahmad é igualmente acusado de violar os estatutos “para aumentar a representação de Marrocos e de ter gastado 400 mil dólares em carros tanto no Egipto como em Madagáscar, de onde o presidente de CAF é natural, onde foi montado um escritório satélite da CAF para seu uso pessoal.”

À Reuters, e sob anonimato, oficiais da CAF relataram que Amr Fahmy foi demitido do cargo de secretário-geral em “retaliação por ter compilado o documento com as acusações contra Ahmad Ahmad que ocupou o cargo de presidente da Confederação Africana de Futebol há dois anos”.

Já a CAF alega que Fahmy foi demitido após a realização de uma reunião do Comité Executivo, no Cairo, antes do sorteio da CAN. No entanto, avança igualmente a Reuters, a CAF recusou dar mais detalhes sobre a saída de Amr Fahmy. “Não há explicação. É uma decisão do Comité Executivo”, afirmou a directora de comunicações Nathalie Rabe à Reuters.

Ahmad, contactado pela Reuters, não quis responder.

As alegações contra o presidente da CAF, que também faz parte do quadro directivo da FIFA, recorda a Reuters, seguem-se a uma série de escândalos que têm vindo a abalar o organismo que rege o futebol a nível mundial. Vários dirigentes do organismo foram detidos ou indiciados por vários crimes sobre práticas ilegais da FIFA na América Latina e na Ásia.

“Estas acusações podem ser problemáticas para o presidente da FIFA Gianni Infantino uma vez que Ahmad é um dos seus adjuntos”, destaca a agência inglesa.

A FIFA também não comentou as alegações.

“O Comité de Ética não comenta casos que poderão estar a ser investigados, ou sequer se há ou não investigações em curso”, destacou um porta-voz da FIFA.

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Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 907 de 17 de Abril de 2019.

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Autoria:Andre Amaral, Agências,18 abr 2019 7:22

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  16 jan 2020 23:21

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