Conforme noticiado na semana passada, a sociedade macaense Geocapital, actual segunda maior accionista da Caixa Económica de Cabo Verde, decidiu vender a totalidade das acções que detém no banco, num total de 27.44% do capital da instituição. Nove anos depois de ter comprado a participação ao Montepio, a empresa sai do sistema financeiro nacional.
Em declarações ao Ponto Final, fonte do conselho de administração da empresa indica que desta saída podem resultar "novos investimentos, inclusivamente em Cabo Verde”.
O reforço do peso do Estado na estrutura accionista da Caixa, com a entrada do INPS, pesou na decisão de venda.
“No decurso do último ano o Estado aumentou a sua presença no capital da Caixa, num movimento que aconteceu de par com a maior preponderância da Caixa no sistema bancário e na economia do país. A Geocapital, percebendo a razoabilidade desse movimento, optou por alienar a sua participação, servindo simultaneamente o propósito estratégico de realização de novos investimentos, inclusivamente em Cabo Verde”, refere a fonte citada pelo jornal de Macau.
Cerca de uma década depois de ter investido no banco cabo-verdiano, a administração da Geocapital faz um balanço positivo da aposta, “ao ter contribuído decisivamente para um conjunto de orientações estratégicas que conduziram a Caixa num processo gradual de transformação que proporcionaram um crescimento muito sustentado e permitiram a sua afirmação como banco líder em alguns dos indicadores no sistema financeiro".
Nos últimos anos, a Geocapital alienou outras participações que detinha, nomeadamente no Variglog, Brasil (2007), no Moza Banco, Moçambique (2013). No caso de Moçambique, a venda antecedeu um novo investimento, no Banco Mais, com a compra de 25% do capital.
"Gerir, consolidar e expandir as participações nos Bancos de que é titular e procurar novas oportunidades de investimento dentro do contexto estratégico de actuação sob a ideia e os princípios orientadores do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa [Fórum Macau]” são agora objectivos assumidos pelos responsáveis da sociedade, citados pelo Ponto Final.
Com sede em Macau, a GeoCapital actua nas áreas da banca, infraestruturas e biocombustíveis. Stanley Ho, o seu mentor, é a figura mais carismática do jogo naquela província chinesa e foi a partir do sector que construiu o seu actual império. Até 2002, deteve o monopólio da actividade, através da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). Este ano, e aos 96 anos, o magnata deixou a liderança da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), papel que foi assumido pela sua filha Daisy Ho. Apesar do papel preponderante, tem vindo a perder terreno para os concorrentes e já não é o maior operador do território. Em 2017, os lucros da SJM cairam 15%, em comparação com 2016. Contudo, continua a ser muito relevante. Participações na Melco e MGM (duas outras sociedades de jogo) permitem presença em cerca de 37% do negócio.