Estado compra as acções da Geocapital

PorExpresso das Ilhas,14 jul 2019 8:56

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O Governo diz que a aquisição dos 27,44 % do capital que a sociedade macaense Geocapital tinha na CECV garante a estabilidade da instituição, por causa da indefinição do empresário espanhol cuja compra tinha sido aprovada pelo Banco Central.

O Ministro das Finanças explicou a operação, durante o acto de assinatura do contrato de compra e venda das acções da sociedade macaense Geocapital na Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), um total de 27,44% do capital da instituição, adquirida agora pelo Estado de Cabo Verde.

Olavo Correia referiu ainda à imprensa que esta acção vai ser feita através do Tesouro, enquanto accionista, via Bolsa de Valores, após autorização do Banco de Cabo Verde. A operação só pode ser concretizada após um prazo de seis meses.

Não foram referidos os montantes envolvidos, desconhecendo-se neste momento se a compra das acções será feita abaixo ou acima do seu valor. De acordo com o relatório e contas da Caixa Económica, a Geocapital detinha 381.904 acções. Esta terça-feira, a cotação de cada título, na Bolsa de Valores de Cabo Verde, era de 2.490$00.

“O Estado tem responsabilidade em relação à Caixa Económica. Queremos dar estabilidade a CECV em termos accionista para num futuro próximo podermos recolocar as acções. Não é nosso interesse ser accionista adicional, mas tendo em conta as circunstâncias, penso que é melhor o Estado garantir estabilidade à Caixa Económica e só num momento posterior poder fazer uma operação de venda”, explicou o vice-primeiro-ministro, citado pela Inforpress.

Olavo Correia não quis falar da International Holding Cabo Verde, do empresário espanhol Enrique Bañuelos de Castro, que tinha sido aprovada pelo Banco Central para adquirir estas acções, limitando-se a afirmar que o Governo de Cabo Verde tem responsabilidade acrescida em relação à CECV, enquanto banco nacional e de referência.

Segundo o último relatório e contas da Caixa Económica, de 2018, o activo líquido teve um crescimento de 0.54% (+389.724 contos) em relação a Dezembro de 2017, atingindo os 72.659.840 contos, sobretudo pelo crescimento das rubricas de aplicações em instituições de crédito e crédito a clientes.

Os depósitos totais de clientes tiveram um crescimento residual de 0,57% (+329.838 contos), chegando aos 67.063.670 contos em Dezembro de 2018.

O crédito bruto a clientes registou um crescimento de 3,60% (+1.383.138 contos), atingindo 39.781.257 contos em Dezembro de 2018.

Ainda segundo o documento, registaram-se também melhorias em relação ao crédito vencido (ou crédito malparado), que diminuiu de 16,65% em 2017, para 15,48% em 2018.

Em Dezembro do ano passado, a Geocapital, segundo maior acionista da Caixa Económica de Cabo Verde (CECV) decidiu vender a totalidade das acções, nove anos depois de ter adquirido ao Montepio Geral 95.476 (noventa e cinco mil quatrocentos e setenta e seis) acções, o que representava 27,41% do capital social da Caixa.

Com sede em Macau, a Geocapital é uma sociedade anónima que actua nas áreas da banca, das infraestruturas e dos biocombustíveis. Além de Cabo Verde, tem negócios em Portugal, Moçambique e Guiné-Bissau. A Geocapital foi criada em 2006 para potenciar os negócios gerados pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de língua portuguesa, conhecida como Fórum Macau, tendo como figura mais conhecida o empresário Stanley Ho.

Depois de assinado o acordo com o Estado cabo-verdiano, esta terça, o administrador da Geocapital, Diogo Laceda Macedo, disse que a sua gestão fez com que a CECV fosse hoje um “banco de referência” e que deu “uma contribuição importante”, sobretudo na visão estratégica que imprimiram nesta instituição financeira.

Diogo Macedo considerou ainda que com a saída da sua empresa e a compra do Governo das suas acções, foi dado um passo coerente para que o Estado cabo-verdiano tivesse um “banco líder do mercado”.

O administrador sublinhou que os dez anos na CECV foram “muito tempo para um investimento de longuíssimo prazo de quem é um investidor”, apontando o facto como uma das razões da sua saída.

Com esta compra a estrutura societária da Caixa Económica de Cabo Verde altera-se, com o INPS a deter 47,21 por cento das acções, o Estado de Cabo Verde 27,44 por cento, os Correios 15,1 por cento e trabalhadores e outros 10,21 por cento.

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 919 de 10 de Julho de 2019. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,14 jul 2019 8:56

Editado porAndre Amaral  em  7 abr 2020 23:20

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