"O momento de crescimento económico em Cabo Verde continua forte, com a expansão do Produto Interno Bruto a dever ter ficado nos 5% em 2019", lê-se no relatório sobre as Perspectivas Económicas Africanas, hoje divulgado em Abidjan, a sede do BAD, no qual se defende que o arquipélago deve apostar no desenvolvimento de infra-estruturas e apostar ainda mais na riqueza marítima.
O relatório deste ano, com o subtítulo 'Desenvolvendo a Força de Trabalho Africana para o Futuro, aponta, na parte relativa a Cabo Verde, que "o impacto do investimento público no crescimento ficou abaixo do potencial devido às ineficiências das empresas públicas, o que resultou numa dívida pública elevada", recomendando por isso uma aposta mais consistente nesta área.
O PIB deverá crescer 5% neste e no próximo ano, puxado pela indústria, pescas, comércio e turismo, estima o BAD, que aponta que o arquipélago podia tirar mais vantagem nesta área: "Cabo Verde podia capitalizar a sua riqueza marítima resolvendo os gargalos que existem nas infra-estruturas logísticas e de transporte para desenvolver uma economia mais diversificada", escrevem os economistas, que elogiam a privatização da Cabo Verde Airlines, em Março, e o início das operações da Cabo Verde Inter-ilhas, em Agosto.
A consolidação orçamental já deu resultados, com o défice a ter ficado melhor que 3% do PIB em 2018, e a ser financiado por empréstimos concessionais (abaixo das taxas de mercado) e por emissões de dívida pública, cujo rácio face ao PIB deverá descer de 123,9% em 2018 para 98,5% do PIB até 2023, segundo o BAD.
Conectividade inter-ilhas desadequada
No entanto, alertam os economistas do BAD, "a redução do investimento público devido à consolidação orçamental limitou os investimentos nas infra-estruturas, resultando numa conectividade inter-ilhas desadequada, que por sua vez prejudica a competitividade das empresas locais relativamente à integração nas cadeias de valor globais".
O crescimento económico acima da média há vários anos possibilitou uma "substancial redução da pobreza", que passou de 58% em 2001 para 35% em 2015, diz o BAD, que chama a atenção, no entanto, para as elevadas taxas de desemprego, "especialmente entre os jovens e as mulheres (32,4%), que podem minar a coesão social".