Numa mensagem divulgada ao início da tarde de domingo, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, admitiu que o “cenário é severo tanto para a CVA como para qualquer companhia aérea”, daí que o Estado, enquanto accionista da empresa (39%), “terá que trabalhar com o parceiro estratégico (Lofleidir Cabo Verde) para reposicioná-la para o cenário pós-pandemia”.
“O Governo de Cabo Verde tem todo o interesse em manter a CVA. Entretanto, é preciso esclarecer-se que a nacionalização da empresa está fora dos planos do Executivo”, garantiu.
As exportações garantidas pela CVA – privatizada em Março do ano passado com a venda de 51% do capital social a investidores islandeses liderados pela Icelandair - cresceram 37% em 2019, levando o negócio da companhia, a valer quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.
Olavo Correia acrescentou que a empresa “terá que revisitar o plano de negócios”, mas “sendo certo que o Governo também está a rever o conceito de ‘hub’”, que estava a ser instalado na ilha do Sal, para servir voos de África, Europa e América, “tendo em conta esta nova realidade”.
“Há desafios que chegam acompanhados de oportunidades - Cabo Verde enquanto um país arquipelágico, diaspórico e turístico, precisa de uma companhia aérea que permita a sua ligação com o mundo”, defendeu o vice-primeiro-ministro.
A CVA está totalmente parada desde 19 de Março, quando o Governo cabo-verdiano suspendeu todos as ligações internacionais para conter a pandemia de COVID-19, tendo desde então realizado apenas alguns voos de repatriamento.
A companhia anunciou, entretanto, a perspectiva de retomar as operações comerciais em 01 de Julho, “sujeita às recomendações da OMS e possíveis restrições locais” nos destinos onde opera.
Olavo Correia garantiu que, mesmo com a companhia parada, quem “tem pago os salários aos trabalhadores é a empresa”, mas que o Estado de Cabo Verde, enquanto accionista, “tem de ajudar a encontrar soluções para o financiamento" da empresa “enquanto os aviões estiveram parados e depois para financiar o plano de negócios que vier a ser aprovado para o período pós-pandemia”.
Em Março de 2019, o Estado vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Loftleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada). Outra parcela, de 10%, foi vendida em 2019 a trabalhadores e emigrantes cabo-verdianos.
A CVA transportou quase 345 mil passageiros no primeiro ano após a privatização de 51% da companhia, um aumento de 136% face ao período anterior, segundo dados da transportadora.
Questionada pela Lusa sobre o desempenho da companhia após a privatização, em 01 de Março de 2019, a administração da CVA, liderada pelo grupo Icelandair, refere que transportou, até 28 de Fevereiro de 2020, um total de 344.639 passageiros, face aos 145.629 transportados de Março de 2018 a Fevereiro de 2019, pela então TACV, detida totalmente pelo Estado.