O ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos anunciou, hoje, em conferência de imprensa que o Estado vai passar a ter dois administradores no Conselho de Administração da Cabo Verde Airlines “sendo que um deles será executivo e terá poderes amplos” que permitirão ao Estado passar a ter o controlo financeiro da empresa.
Este é apenas um dos pontos do acordo que vai ser assinado entre o Estado e o grupo Loftleidir Cabo Verde, controlado pela Icelandair.
Com este acordo, apontou Carlos Santos, vai dar-se uma reconstituição do Conselho de Administração da empresa que passará a contar com cinco elementos, dois deles nomeados pelo Estado. As decisões relativas à gestão da empresa “serão aprovadas por uma maioria de quatro quintos”, explicou ainda Carlos Santos.
Outro ponto previsto no acordo é que o Estado, uma vez mais, avalizará um empréstimo a ser contraído junto do BCN na ordem dos quatro milhões de euros e que permitirá “viabilizar o reinicio das operações”, explicou o ministro.
Também as tarifas de leasing das aeronaves serão renegociadas, anunciou Carlos Santos durante a conferência de imprensa. Uma renegociação que está relacionada com a redução da frota ao serviço da Cabo Verde Airlines que passará a ter dois aviões contra os três que tinha até à paragem forçada pela pandemia de COVID-19 em Março do ano passado.
“A empresa devera recentrar objectivos e metas assim como rotas”, acrescentou Carlos Santos dizendo que o mercado étnico, as ligações a Lisboa e aos países emissores de turistas deverão ser prioritárias.
Também as dívidas da empresa serão renegociadas com as entidades credoras. "As empresas e entidades associadas aos dois acionistas de referência e que sejam credoras da TACV deverão proceder a uma redução da dívida da empresa, permitindo um desafogo financeiro da empresa. Paralelamente, negociações com outros credores estão em andamento procurando o mesmo objetivo", avançou o ministro.
"O risco que existe é que, nesta fase pandémica, dificilmente a companhia aérea conseguirá voltar a voar se não houver uma intervenção pública. Isto tem de ficar muito claro: ou o Estado intervém publicamente para viabilizar os voos da empresa ou a companhia não conseguirá voar. A nossa opção é clara, redimensionar a empresa, redimensionar a ambição da empresa em termos rotas, frequência, número de aviões, reduzir os custos operacionais por forma a que a contribuição do governo e dos demais accionistas seja a menor possível", explicou por sua vez o ministro das Finanças, Olavo Correia que recordou que "estamos ainda perante incertezas em relação à evolução do tráfego aéreo internacional. Tudo dependerá dessa evolução e do impacto da vacina na mudança do comportamento dos consumidores e daqueles que procuram Cabo Verde como destino turismo ou de investimento".
Olavo Correia reforçou que a intervenção do Estado na companhia aérea nacional será apenas "na exacta medida do necessário" para garantir a retoma das operações "reduzindo os custos e criando as condições para que nós possamos, depois, sair da empresa como é a vontade do governo se as condições permitirem".