De acordo com Erlendur Svavarsson, presidente do conselho de administração e diretor executivo da CVA, a companhia “está a trabalhar no sentido de retomar os voos no dia 01 de Julho”, mas recorda que actualmente “todas as garantias na aviação e turismo estão sujeitas à aprovação do governo nos dois extremos de cada voo”.
A CVA, liderada por investidores islandeses após a privatização em 2019, está totalmente parada desde 19 de Março, quando o Governo cabo-verdiano suspendeu todos as ligações internacionais para conter a pandemia de COVID-19, tendo desde então realizado apenas alguns voos de repatriamento.
“Sujeito a restrições e a concessão de permissões, o primeiro voo será para Paris no dia 01 de Julho”, avançou Erlendur Svavarsson.
Além do voo inicial para França (com duas ligações semanais), o director executivo da companhia garante que outras principais rotas para o período inicial, de Julho a Agosto, serão Lisboa, com quatro voos por semana a partir do arquipélago, e Boston, nos Estados Unidos, com duas ligações semanais.
Também está prevista a retoma dos voos para Milão, uma vez por semana, para o Brasil, nomeadamente Fortaleza (duas vezes por semana) e Recife (uma vez por semana), e para o Senegal, com três voos semanais para Dakar.
Contudo, alerta o responsável, todas estas rotas “estão sujeitas a aprovações governamentais na origem e no destino” e a frequência dos voos “também estará sujeita à procura”.
O Ministério do Turismo e Transportes anunciou no final de Maio que o arquipélago vai reabrir em Julho como "destino turístico", voltando a receber visitantes estrangeiros e com todos os operadores do circuito obrigados a um selo de segurança sanitária, devido à pandemia de COVID-19.
Erlendur Svavarsson esclareceu, no entanto, que a CVA “não recebeu nenhuma confirmação do Governo de Cabo Verde sobre quando os voos internacionais serão permitidos novamente”, acrescentando que a companhia “também está a aguardar que alguns mercados importantes anunciem oficialmente a abertura das suas fronteiras para voos internacionais”.
“Toda a preparação operacional interna está feita para a retoma dia 01 de Julho”, garantiu.
Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Loftleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada). Outra parcela, de 10%, foi vendida em 2019 a trabalhadores e emigrantes cabo-verdianos.
Além da paragem total da actividade devido à pandemia, a companhia já procurava desde 2019 um financiamento para as suas operações, o qual continua por fechar, como admitiu Erlendur Svavarsson: “O financiamento a longo prazo da companhia aérea ainda está sujeito a discussões entre os principais accionistas”.
O vice-primeiro-ministro afirmou em 14 de Junho que uma nacionalização da CVA “está fora dos planos” do Governo, apesar de “todo o interesse em manter” a companhia aérea.
Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, admitiu que o “cenário é severo tanto para a CVA como para qualquer companhia aérea”, daí que o Estado, enquanto accionista da empresa (39%), “terá que trabalhar com o parceiro estratégico (Lofleidir Cabo Verde) para reposicioná-la para o cenário pós-pandemia”.
“O Governo de Cabo Verde tem todo o interesse em manter a CVA. Entretanto, é preciso esclarecer-se que a nacionalização da empresa está fora dos planos do executivo”, garantiu.
As exportações garantidas pela CVA – privatizada em Março do ano passado com a venda de 51% do capital social a investidores islandeses liderados pela Icelandair - cresceram 37% em 2019, levando o negócio da companhia a valer quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.
Olavo Correia acrescentou que a empresa “terá que revisitar o plano de negócios”, mas “sendo certo que o Governo também está a rever o conceito de ‘hub’”, que estava a ser instalado na ilha do Sal, para servir voos de África, Europa e América, “tendo em conta esta nova realidade”.
“Há desafios que chegam acompanhados de oportunidades - Cabo Verde enquanto um país arquipelágico, diaspórico e turístico, precisa de uma companhia aérea que permita a sua ligação com o mundo”, defendeu o vice-primeiro-ministro.
O governante garantiu que, mesmo com a companhia parada, quem “tem pago os salários aos trabalhadores é a empresa”, mas que o Estado de Cabo Verde, enquanto accionista, “tem de ajudar a encontrar soluções para o financiamento" da empresa “enquanto os aviões estiveram parados e depois para financiar o plano de negócios que vier a ser aprovado para o período pós-pandemia”.
A CVA transportou quase 345 mil passageiros no primeiro ano após a privatização de 51% da companhia, um aumento de 136% face ao período anterior, segundo dados da transportadora.