Banco de Cabo Verde vende sede do Plateau

PorExpresso das Ilhas, Lusa,3 ago 2020 9:50

O Banco de Cabo Verde (BCV) prevê vender até 2021, por mais de 58 mil contos, a actual sede e mais dois edifícios na Praia, para ocupar a nova sede, projectada pelo arquitecto Siza Vieira.

De acordo com o relatório e contas de 2019 do BCV, disponibilizado no final de Julho e ao qual a Lusa teve hoje acesso, a mudança para a nova sede, já concluída, deveria acontecer até ao final do primeiro semestre deste ano, processo condicionado pela pandemia de COVID-19.

O documento prevê que “num prazo máximo de um ano” serão alienados os restantes edifícios que o banco central possui na Praia, como a actual sede do BCV, no centro da capital, e os edifícios de arquivo em Ponta Belém e de armazém em Chã d’Areia, globalmente avaliados em 58.811 mil escudos (530 mil euros).

Segundo o BCV, em nota de 14 de Agosto de 2019, a Direcção-Geral do Património e da Contratação Pública, em representação do Estado de Cabo Verde, “formalizou o interesse na aquisição” daqueles edifícios.

As obras do novo edifício sede do BCV, em Achada de Santo António, ao lado da Assembleia Nacional, arrancaram em Agosto de 2017. Até Fevereiro último já tinha custado, segundo as contas do banco central, 2.296 milhões de escudos (20,6 milhões de euros), correspondente a praticamente 95% das despesas previstas para o colocar em condições de uso.

Em Fevereiro de 2019, de visita à obra, o arquitecto português Álvaro Siza Vieira mostrou-se satisfeito com a construção do edifício, em betão branco e que projectou há 20 anos, revelando que enviou a maquete para o Canadá, por estar convencido que esta não ia avançar.

Tendo em conta o clima quente cabo-verdiano, a sua composição foi objecto de experiências, conforme revelou então o arquitecto, vencedor do Prémio Pritzker em 1992.

“O projecto é exactamente o mesmo, feito há 20 anos. Houve alterações, no que se refere a infraestruturas, porque a exigência é outra quanto a segurança, controlo, informática, mas o projecto é rigorosamente o mesmo. Aguentou bem as modificações”, disse.

O relatório e contas do BCV refere que a avaliação dos gastos totais com a construção da nova sede edifício deverá atingir os 2.429 milhões de escudos (21,8 milhões de euros) “e não se espera nenhuma derrapagem orçamental”. Ainda assim, a obra foi anunciada anteriormente para um orçamento de 16,3 milhões de euros, sendo financiada através do fundo de pensões dos colaboradores do banco central que iniciaram funções até 1993.

A nova sede será cedida ao BCV em regime de ‘leasing’ financeiro. Como contrapartida pela utilização do edifício, o BCV assumirá as prestações mensais dos beneficiários para o fundo de pensões, passando o edifício a "custo zero" para o BCV com a extinção das responsabilidades do fundo.

Esta sede já teve inauguração prevista para 27 de Março, mas foi adiada ainda sem nova data devido à pandemia de COVID-19. O edifício, cuja primeira pedra foi simbolicamente colocada em 2000 pelo entretanto falecido Presidente da República António Mascarenhas Monteiro, fica localizado no bairro mais populoso da cidade da Praia, onde se encontram também edifícios como a sede das Nações Unidas em Cabo Verde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Embaixada de Portugal.

NR: O BCV reagiu a esta notícia, explicando em nota de esclarecimento, que "o valor mencionado no Relatório e Contas (2019) de 58.811 milhares de escudos, refere-se ao valor líquido dos imóveis (valor de aquisição deduzido das depreciações) e não ao valor da venda. a. Prevê-se que o valor de venda seja em torno de 363.321 milhares de escudos, determinado por avaliação independente feita por peritos externos ao BCV."

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,3 ago 2020 9:50

Editado porSara Almeida  em  18 mai 2021 23:21

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