De acordo com dados de um relatório do BCV compilados hoje pela Lusa, o crédito da banca comercial ao sector privado passou de quase 104.984 milhões de escudos, em 2018, e 109.080 milhões de escudos, em 2019, para 114.833 milhões de escudos, em 2020.
O BCV iniciou há praticamente um ano a implementação de medidas de incentivo económico e mitigação das consequências económicas da pandemia de covid-19, disponibilizando fundos aos bancos e incentivando linhas de crédito às empresas, para apoiar a recuperação económica.
Já no final de Dezembro, o banco central anunciou que vai manter as taxas de referência em mínimos históricos em 2021 e prorrogar o programa de financiamento por mais 12 meses, precisamente para mitigar o impacto da crise provocada pela covid-19.
Em comunicado, o conselho de administração do BCV explicou que o objectivo é “mitigar o impacto da crise suscitada pela pandemia” na economia nacional, “restaurar e reforçar a confiança dos agentes económicos, bem como estimular a retoma da atividade económica, amparado por pressões contidas na inflação e na balança de pagamentos”.
Entre as taxas de referência do BCV, a administração manteve a taxa diretora em 0,25%, a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,50%, a taxa da facilidade permanente de absorção de liquidez em 0,05% e a taxa de redesconto em 1,0%.
Além disso, e face aos receios da continuidade dos efeitos da crise económica em 2021 - após uma recessão histórica de 11% esperada para 2020 -, o BCV aprovou a prorrogação do prazo do programa de financiamento de longo prazo, através da Operação Monetária de Financiamento (OMF), por mais 12 meses, passando a vigorar até Dezembro deste ano.
O banco central referia ainda que o ajustamento do programa, “considerando a experiência do primeiro pacote implementado”, desde Abril, passará o montante de colocação mensal para 3.000 milhões de escudos, “podendo atingir o montante anual de 36 mil milhões de escudos, o que representa cerca de 80,0% do stock atual [final de 2020] da dívida pública junto da banca nacional”.
“Com efeito, não obstante a previsão de recuperação da atividade económica em 2021, continua a ser necessário fornecer liquidez ao sistema bancário, no sentido de assegurar a confiança num contexto de incerteza”, adverte o banco central cabo-verdiano.
Medidas que visam essencialmente “preservar o factor confiança nos mercados, ao sinalizar à banca uma total disposição do banco central em ceder fundos em casos de stress ou escassez de liquidez”, mas também “reforçar a orientação da política monetária para um maior estímulo ao crédito e ao crescimento económico”.