Óscar Santos teceu estas considerações esta terça-feira em declarações à imprensa, após ser recebido em audiência pelo Presidente da República, José Maria Neves, para abordar a situação económica do país este ano e para 2022, no âmbito da aprovação do Orçamento do Estado do próximo ano.
De acordo com o governador do BCV, a previsão para o próximo ano é que a economia deverá crescer um pouco menos, cerca de 5,9%, dissipando o efeito de base com a inflação também a aumentar, realçando que as exposições do banco central indicam a inflação vai situar-se em cerca de 2,9%.
“Neste cenário, o país ainda dispõe ainda de reservas externas suficientes para garantir em média cerca de 6.6 meses de importação”, referiu, acrescentando que do ponto de vista do campo monetário a autoridade monetária tem margem suficiente para continuar com a sua política acomodatícia.
Quanto ao processo de negociação entre o Governo e os credores bilaterais para o alargamento das moratórias à dívida pública externa para 2022, Óscar Santos afirmou que “é fundamental” haja acordos bilaterais para atingir este objectivo, salientando que ainda há muitas incertezas sobre a retoma do confinamento na Europa, o que, ao seu ver, poderá impactar negativamente a economia cabo-verdiana.
Óscar Santos reforçou ainda que se Cabo Verde conseguir pelo menos moratórias de dois, três, quatro anos irá permitir ao país ganhar tempo, isto porque, sustentou, só em 2023 é que vai ser possível retomar o nível do PIB (Produto Interno Bruto) pré-pandémico, cujo impacto orçamental “é muito forte”.
“E conseguindo moratória, sobretudo da dívida externa, dá sempre tempo para o Governo, e também poupa divisas fundamentais para o país para permitir que o banco central continue com taxas de juro baixíssimas”, asseverou, informando, por outro lado, que não obstante a crise pandémica, o sistema financeiro cabo-verdiano “foi bastante resiliente”.
Quanto ao aumento da IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) de 15 para 17%, disse que isso tem impacto na vida das pessoas e na inflação, salientando que se o Governo quer manter o nível de despesas que se propõe no Orçamento do Estado, tendo em conta que algumas despesas são regidas, o mesmo deverá analisar a possibilidade de se aumentar o imposto ou proceder com cortes de despesas nas áreas que entender ser necessário.