Até agora os bancos russos são os que estão a ser mais afectados. Por exemplo, o Sberbank of Russia, cotado na bolsa de Londres, perde cerca de 70% na manhã desta segunda-feira, tendo caído de 4,06 para 1,26 libras por acção. Também cotado em Londres está o TCS, que detém o Tinkoff Bank, e também se afunda quase 70%, de 36 para 11,7 libras. Ambos chegaram a perder cerca de 80% na negociação de manhã.
No entanto não são apenas os bancos russos que estão a sentir as ondas de choque desta medida tomada pela União Europeia. Os bancos europeus mais expostos à Rússia, como o Raiffeisen Bank, da Áustria, o UniCredit, da Itália, e o Société Générale, de França, estão a cair entre 10 e 15%.
O impacto também chegou a Portugal, com o BCP (que tem uma importante operação na Polónia) a cair cerca de 5,3%.
Já o índice europeu do sector, o Stoxx Europe 600 Banks, cai quase 6%.
A Comissão Europeia anunciou, no sábado passado, que vai bloquear o acesso de bancos russos ao sistema internacional SWIFT. Porém, a medida não visa todos os bancos da Rússia, mas apenas alguns que foram previamente “seleccionados”.
Em causa está o impedimento desses bancos de terem acesso ao sistema através do qual se concretizam as mensagens que suportam a maioria das transacções internacionais. Fazer a troca de moeda, operações em divisas estrangeiras, transacções para fora da linha das fronteiras, transferências internacionais: tudo isto fica limitado pois deixa de haver comunicação directa entre as instituições financeiras.
Mas o que é, afinal, o sistema SWIFT?
O SWIFT é uma artéria do sistema financeira global que permite a transferência rápida e fácil de dinheiro através de fronteiras. Traduzida para português a sigla significa Sociedade para Telecomunicação Financeira Mundial entre Bancos, na sigla em inglês.
Criado em 1973 e baseado na Bélgica, o SWIFT conecta 11 mil bancos e instituições em mais de 200 países. Não é, porém, um banco tradicional. É uma espécie de sistema de mensagens instantâneas que informa os utilizadores quando pagamentos foram enviados e quando eles chegaram ao destino.
Ele envia mais de 40 milhões de mensagens por dia, e vários milhares de milhões de dólares passam de mão em mão entre empresas e governos. Acredita-se que mais de 1% dessas mensagens envolvam pagamentos russos.
Rublo colapsa
O maior choque sobre o sistema financeiro russo começou esta segunda-feira com o colapso do rublo, que chegou a cair 31% face ao euro. O euro atingiu um máximo de 123,25 rublos durante a abertura do mercado cambial, mas a desvalorização da moeda russa abrandou para 12%. O euro valia 106 rublos ao meio-dia (11h00 em Cabo Verde). A título de comparação, no final da semana passada, o euro valia 92,57 rublos. A desvalorização do rublo desde a invasão da Ucrânia soma 17%.
Para travar o colapso do rublo e responder à desconexão do SWIFT, o Banco Central da Rússia tomou esta segunda-feira um conjunto de medidas de emergência. Subiu drasticamente a taxa diretora de 9,5% para 20%, anunciou garantir a liquidez em moeda nacional dos bancos disponibilizando 733 mil milhões de rublos (um montante que em euros já variou esta manhã entre 5,9 e 7 mil milhões de euros), ordenou que as empresas exportadoras vendam 80% das suas reservas em moeda estrangeira e proibiu os não-residentes de venderem títulos do Tesouro.