O crude do Mar do Norte, de referência em Cabo Verde para a fixação dos preços dos combustíveis, concluiu a sessão no International Exchange Futures a cotar 8,75 dólares acima dos 98,16 dólares com que fechou as transações na quarta-feira.
Depois de alguns dias de descida que a afastaram dos quase 140 dólares que roçou na semana passada, a cotação do barril conheceu hoje uma acentuada subida, mas ainda está abaixo dos 112,58 dólares com que fechou a semana passada.
A tendência de descida dos últimos dias foi atribuída à constatação que a Europa não vai renunciar às importações de petróleo russo a curto prazo, aos novos confinamentos em curso na China por causa de mais um surto do novo coronavirus e ao eventual levantamento das sanções contra o petróleo iraniano.
Influência contrária foi a exercida pela evolução da invasão russa da Ucrânia e por um relatório da Agência Internacional de Energia, divulgado ontem.
O Kremlin rejeitou hoje a decisão do Tribunal Internacional de Justiça, a mais instância judicial da Organização das Nações Unidas, que lhe ordenou na véspera a cessação imediata de actividade militar na Ucrânia.
O chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, acusou a Federação Russa de "fazer de conta que está a negociar" um cessar-fogo, apesar de continuar a "fazer falar as armas".
Craig Erlam, analista da Oanda, disse que "os ataques na Ucrânia e a rejeição pelo Kremlin de informações que davam conta de progressos substanciais nas negociações" assemelham-se a "um verdadeiro revés".
Apesar da volatilidade do mercado, "o nervosismo quanto à escalada dos preços constitui sempre uma variável, uma vez que o prémio de risco geopolítico continua integrado", no preço do petróleo, "se bem que menos do que na semana passada", disse Victoria Scholar, analista na Interactive Investor, à AFP.
"A invasão russa continua a ditar a evolução dos preços em certa medida, dada a sua importância mundial em termos de aprovisionamento", prosseguiu.
"Os receios com eventuais perturbações de abastecimento foram, pois, reavivadas, porque quanto mais a guerra se prolongar, mais poderemos ver novas sanções contra o sector energético russo", avançou Fawad Razaqzada, da ThinkMarkets.
A cotação do petróleo também foi influenciada pela divulgação do relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE), que receia um "choque" sobre a oferta petrolífera mundial, após as sanções aplicadas à Federação Russa.
Esta "avaliação severa" da AIE "suscitou novas inquietações quanto à oferta, o que reforçou a pressão para a alta dos preços", adiantou Victoria Scholar.
O relatório e tão mais preocupante quando "o sub-aprovisionamento" já se nota no mercado, especificou Craig Erlam.
Por outro lado, "a AIE reviu em baixa as suas previsões de procura de petróleo para o segundo trimestre", relativizou Carsten Fritsch, do Commerzbank. "Mas o ajustamento em baixa não é tão pronunciado quanto o da oferta", alertou.