Em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de encerramento, Olavo Correia destacou “a confiança” revelada pelos investidores em Cabo Verde.
“Confiança dos privados nacionais, dos privados cabo-verdianos na diáspora, dos privados estrangeiros. Uma confiança enorme no presente e no futuro de Cabo Verde”.
Para Olavo Correia esta é “uma confiança que leva à acção”.
“Conseguimos assinar convenções no valor de 4 mil milhões de euros em projectos”.
No entanto, como refere, “após a assinatura há todo um trabalho que tem de ser feito para que os projectos sejam concretizados. Mas isto significa que há uma procura enorme de Cabo Verde como destino de investimentos”.
Questionado sobre as expectativas de concretização desse capital, Olavo Correia apontou que “se conseguirmos concretizar 40% disto já é um valor muito importante. Aquilo que a minha equipa vai fazer agora é trabalhar com cada promotor, com cada empresa, com cada empreendedor para que essas iniciativas possam resultar em projectos concretos para a economia cabo-verdiana”.
Dizendo que este é “um desafio enorme”, o ministro das Finanças quer que “o Estado seja um facilitador no plano do financiamento, no plano da criação de condições para que os projectos possam ser concretizados”.
Quanto ao prazo para a concretização destes projectos, Olavo Correia, apontou para uma janela temporal de três a quatro anos.
“Os projectos têm uma maturidade, dependendo do faseamento, de três a quatro anos. Iniciar o projecto, montar o financiamento, executar e depois iniciar a operação leva no mínimo três a quatro anos”.
Já o PCA da Cabo Verde TradInvest, José Almada Dias, referiu que “estiveram presentes neste evento 81 promotores de projectos (37 nacionais e 44 internacionais), sete projectos privados foram apresentados na plenária cobrindo os sectores do turismo, economia azul, economia verde e economia digital. Na plataforma B2B (business to business) foram apresentados projectos no montante de 4,5 mil milhões de euros distribuídos por seis ilhas e foram assinadas seis convenções de estabelecimento e um acordo de investimento”.
Economia Marítima
Também o sector da economia marítima esteve em destaque durante este fórum.
Em declarações aos jornalistas o ministro do Mar, Abraão Vicente, defendeu que neste sector “as oportunidades são imensas para Cabo Verde”.
Para Abraão Vicente, Cabo Verde tem de ser capaz de, no pós-pandemia, se aproveitar da sua posição geoestratégica para assumir um papel de relevo na economia global.
“Cabo Verde começa a surgir como sítio de desencravamento e de um novo reposicionamento dos produtos através do transhipment, do bunkering e de oportunidades novas para o refinamento de produtos e criação de energia limpa, nomeadamente o hidrogénio verde”, apontou o ministro.
Além disso, referiu, Cabo Verde deve apostar no desenvolvimento dos portos, “porque actualmente grande parte dos grandes portos do mundo estão congestionados com tempo de descarga e processamento bastante longos. Cabo Verde tem aqui oportunidade de captar desenvolvimento internacional para o alargamento de alguns dos portos. Mesmo o Porto Grande de grande só tem o nome. Neste momento é preciso criar novos serviços e alargar a sua plataforma”.
Também o sector pesqueiro e de transformação do pescado deve ser uma aposta. “Temos uma grande oportunidade a nível da gestão dos nossos recursos de pesca, a criação da indústria transformadora de pesca. Já recebi várias empresas, nomeadamente uma que já está instalada em São Vicente que vai alargar a sua fábrica actual para transformação de produto final, que nós não tínhamos em Cabo Verde. A Frescomar faz, mas podemos alargar. Cabo Verde acaba por ser uma plataforma não só para reexportação, mas para exportação de produtos acabados ligados à indústria do pescado”.
Outra área que o país deve explorar, defende o ministro, é o eco-turismo. “É uma oportunidade enorme ligado às espécies marinhas como baleias, golfinhos, orcas... temos um ecossistema muito rico”.
Mas além das oportunidades há também os desafios. “Temos os desafios da sustentabilidade: reserva de 30% da nossa área marítima para zonas de não pesca intensiva e reserva de 100% das nossas águas para pesca e desenvolvimento sustentável. São muitos desafios e muitas oportunidades dependendo obviamente do capital de investimento”.
Abraão Vicente aponta igualmente o sector da construção naval como um campo de oportunidades que Cabo Verde deve explorar. “Há aqui uma grande oportunidade ligada à construção naval, à reformatação e desenvolvimento da CABNAVE como uma peça central de construção naval. A CABNAVE aparece aqui como uma empresa que pode desencravar São Vicente através da construção naval, do ensino ligado às indústrias da construção naval e através da criação de empregos qualificados a partir de São Vicente fazendo com que os transportes nacionais não tenham bloqueios a partir do momento em que os nossos navios tenham a necessidade de fazer a manutenção periódica”, disse.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1073 de 22 de Junho de 2022.