A posição da Associação para a Defesa do Consumidor (ADECO) foi transmitida hoje, em conferência de imprensa proferida pelo vice-presidente do conselho directivo, Éder Brito.
“Obviamente que qualquer factor externo que exista vai aumentar exponencialmente o valor que já é bastante alto a nível nacional, só com a falta de eficiência na produção e distribuição de electricidade. A cada ano as perdas só aumentam. O que a ADECO observa é que não existe uma força-tarefa da empresa de electricidade, Governo, Agência Reguladora Multissectorial da Economia e municípios para combater as perdas. Esse custo é repassado para o consumidor e isso é terrível”, aponta.
Éder Brito fala na inexistência de acção para diminuir as perdas técnicas e tornar a distribuição de electricidade mais eficiente. Outra questão tem que ver com as perdas comerciais, em concreto o roubo de energia, que segundo a organização tem impacto nas tarifas de venda da energia eléctrica ao consumidor final.
“A Electra apresentou no seu relatório em 2020 uma perda de 26% no sector de electricidade. É um valor exorbitante. A ADECO, de uma forma não oficial, entende que os consumidores estão a pagar essas perdas”, considera.
A ADECO lembra que a aposta nas energias renováveis é essencial para reduzir o preço final para o consumidor.
“Tantos anos a falar em energias renováveis, em que pé estamos hoje em dia? Porque é que ainda não demos o salto para a produção de energias renováveis? O que é que a Electra espera? O que é que o Governo espera para realmente motivar a produção de energias renováveis que, certamente, iria diminuir o preço final para o consumidor”, questiona.
A conferência de imprensa da ADECO veio na sequência dos "ajustes extraordinários" feitos no início deste mês nas tarifas de venda da energia eléctrica ao consumidor final para as empresas Electra e Águas e Energia da Boa Vista (AEB). Com esta medida, justificada com o aumento de preços dos combustíveis no mercado internacional, a ARME diz que o que se pretende é salvaguardar o equilíbrio econômico-financeiro dos operadores e garantir a sustentabilidade dos serviços públicos de fornecimento.
A Agência Reguladora Multissectorial da Economia (ARME) explica que para a tarifa social não houve qualquer aumento, enquanto nas outras categorias tarifárias houve um aumento de 4,75 escudos por quilowatt (kwh) para a Electra e 6,22 escudos/kwh para a AEB.