“Nós estamos a ter, precisamente, um antecipar desses números, dessa recuperação. Os resultados que tivemos do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), no último trimestre, são sinais demonstrativos de que o turismo está a crescer bem. Esperamos que as incertezas associadas à guerra na Ucrânia, designadamente à inflação, não tenham um grande impacto em 2023”, sublinhou Carlos Santos em entrevista à Inforpress.
Reiterando que Cabo Verde terminou o ano 2022 com um registo “muito interessante” a nível do turismo, uma quadra festiva em que os hotéis estiveram com taxas de ocupação “extraordinárias”, a nível de todas as ilhas, Carlos Santos alvitrou que a procura do destino Cabo Verde por pessoas de várias latitudes e nacionalidades resultou numa cifra de 700 mil turistas entrados no País este ano de 2022.
Para o governante, isso pressupõe que, independentemente das incertezas associadas à guerra na Ucrânia, Cabo Verde poderá, em 2023, aproximar-se dos números de 2019, lembrando, ao mesmo tempo, que 2022 foi um ano também de lançamento do Programa Operacional do Turismo (POT).
Um programa orientador das intervenções do Ministério do Turismo, conforme aclarou, que reflecte a visão do Governo neste sector, enquanto sector “central da economia, sector âncora”, que deve ter um crescimento sustentável.
“Preservando os recursos ambientais, patrimoniais, mas também os recursos humanos, proporcionando aqueles que nos visitam momentos memoráveis, mas também permitindo que a sociedade cabo-verdiana, a actual geração e a geração vindoura, possam tirar proveito deste sector”, frisou.
Considerando o POT um “programa ambicioso”, com um envelope financeiro de 200 milhões de contos, para ser implementado de 2023 a 2026, o titular da pasta do Turismo assegurou que este programa já começou a dar os primeiros passos, tocando não só a oferta turística, mas a sustentabilidade económica, social e ambiental.
“É com esta visão de sustentabilidade, mas também com esta ambição de querer diversificar o turismo, por forma a termos um produto cada vez mais diferenciado. Um produto que possa colocar Cabo Verde, um pequeno player, ainda, no jogo que é o mercado do turismo”, comentou, insistindo que é com esta ambição que o Governo inicia 2023 para a estabilização do sector.
“E poder tirar o melhor proveito deste sector que contagia, positivamente, todos os outros sectores da actividade económica em Cabo Verde”, comentou.
Tendo isso em linha de conta, Carlos Santos referiu que para o ano 2023 o Governo vai dar início a muito dos projectos, com muita incidência na requalificação da oferta turística, e aqui destacou, por exemplo, as infraestruturas básicas.
“Porque um turismo que pretenda ser sustentável tem que ser também inclusivo, que tenha uma preocupação social no centro das intervenções. Transformar as duas ilhas, os dois destinos mais importantes do País em destinos verdes, amigos do ambiente”, observou.
Com isso, apontou que a pretensão do projecto é levar com que os operadores turísticos possam começar a desenvolver projectos que tenham sempre presente a preocupação ambiental, designadamente a transição energética, a substituição de equipamentos ligados ao plástico, mas também introduzir a componente social.
Isto é, explicou, levar com que os hoteleiros e as grandes empresas tenham cada vez mais responsabilidade social nas suas metas, a par da pretensão do Governo de haver, também, e cada vez mais, a integração de pequenas e médias empresas cabo-verdianas na cadeia de valor do turismo.