"Nós estamos a sentir uma dificuldade muito grande em matéria de produção estatística no país. Nós sabemos que é difícil estar a recolher dados e junto das nossas fontes de informação, no caso, trata-se de empresas, mas temos notado uma diminuição naquilo que é colaboração das empresas perante o Instituto Nacional de Estatística", afirmou o vice-presidente do INE, Fernando Rocha.
O vice-presidente, que falava na Praia, num encontro com empresários no âmbito do VI recenseamento empresarial, exemplificou que, na anterior operação junto das empresas, tiveram que alargar o dia da recolha porque o planeado não foi suficiente.
E algumas empresas não colaboraram porque entendem que o INE só quer buscar dados e lamentou que os empresários estão a esquecer que o "ingrato papel" da instituição é produzir estatísticas.
"Queremos que os nossos governantes tenham uma boa política, queremos que as estruturas do país tomem as melhores decisões, mas para isso temos que ter estatísticas. Não tendo estatísticas fiáveis de qualidade, as nossas políticas não terão o efeito desejado", salientou.
O responsável ressaltou que o papel do INE é "muito importante" e, por mais que a instituição tenha uma "metodologia forte, robusta, de qualidade e técnicos capazes", sem a colaboração das empresas não conseguirão fazer estatística.
"Nós não vamos inventar números para produzir estatística, por isso, precisamos da colaboração das empresas para podermos produzir estatísticas cada vez mais de qualidade", apontou.
Conforme explicou, anualmente realizam inquérito das empresas e, de cinco em cinco anos, o recenseamento, entendendo que é "muito importante" para que o país tenha estatísticas em quantidade e em qualidade.
"Nenhum país consegue desenvolver sem ter uma boa estrutura estatística a nível do sistema e sem ter estatísticas credíveis. Para isso nós precisamos do apoio dos empresários", destacou Fernando Rocha, considerando que o objectivo do encontro é socializar com os empresários, ver a metodologia que utilizarão neste recenseamento e a estratégia de comunicação.
Por sua vez, o vice-presidente da Câmara do Comércio de Sotavento (CCS), Alexandre Nuno Pires, realçou a importância do evento com a participação dos empresários para que possam disponibilizar dados aos técnicos do INE quando forem contactados, e para que estes se reflictam nas políticas que o Governo venha a desenhar para as empresas, assumindo o “firme compromisso" em colaborar com a instituição.
"É de muita importância as informações e os dados que o INE recolhe porque esses dados permitem que as entidades públicas e privadas também disponham de informação e dados fiáveis sobre a situação das empresas, e de modo que o Governo e as demais entidades públicas possam definir e traçar políticas que venham beneficiar as empresas e a economia", salientou.
Segundo os dados do recenseamento empresarial apresentados pelo INE em 2019, o país tinha, na altura, 11.060 empresas, das quais 9.983 ativas, que empregam 63.486 pessoas e movimentam um volume de negócios na ordem dos 2.600 milhões de euros.
Em Setembro de 2018, o INE realizou o quinto recenseamento empresarial, durante o qual foram recenseadas todas as unidades económicas do tipo empresarial que operam no país, nomeadamente empresas e estabelecimentos.