O fundador e CEO da Huawei, Ren Zhengfei, concedeu uma entrevista ao Business Insider onde fala pela primeira vez sobre a recente proibição imposta pelos EUA. O executivo da tecnológica chinesa falou ainda sobre a ‘guerra’ comercial entre a China e os EUA, o difícil processo de crescimento da Huawei e voltou a admitir a sua admiração por Steve Jobs.
A necessidade de o mundo estar conectado por via de um único standard, o 5G, foi um dos pontos falados por Zhengfei. Alegadamente, este tem sido um ponto de discórdia entre os EUA e a China, uma vez que a rede desenvolvida pelos norte-americanos ainda não tem a mesma qualidade que os rivais.
“O desenvolvimento deste tecnologia de rede acelerará o desenvolvimento da humanidade. Considero que esta rede criará um maior sentido de unidade em toda a raça humana. Há alguns dias fui questionado por um político se pensava que os mais jovens ainda tinham um sentido de identidade e se pensava que estavam mais voltados para o nacionalismo. Penso que o conceito de fronteiras já não existem nas próximas gerações,” apontou Zhengfei. “O 5G traz alegria ao mundo. Por essa razão, não precisamos de dois tipos de redes, precisamos de estar conectados. Nesse sentido, não penso que o mundo ficará mais dividido seguindo em frente”.
Com a ‘guerra’ comercial entre os EUA e a China a ser vista como negativa por aliados de parte a parte, a Huawei considera que a situação poderá ser benéfica. “Sinto que a fricção entre a China e os EUA sobre o comércio apenas acelerará a reforma económica na China e, arrisco dizer, a China provavelmente beneficiará disto,” apontou Zhengfei.
Durante esta entrevista ao Business Insider, Zhengfei aproveitou para contar mais sobre o processo de crescimento da Huawei. Mesmo que a empresa seja vista com desconfiança pelos governos ocidentais, Zhengfei aponta que a tecnológica que fundou também foi igualmente mal vista pelos compatriotas.
“Quando entrámos nos mercados dos EUA e da Europa, fomos associados com comunismo – que é o motivo porque tivemos tanto cuidado em não violar leis locais. Por outro lado, na China fomos associados com capitalismo. Éramos olhados com desconfiança de ambos os lados por isso foi essencial para nós seguirmos as regras – foi a única forma de sobrevivemos,” explicou Zhengfei. Foi neste ponto que o executivo da tecnológica chinesa apontou que “os EUA ainda não apresentaram uma única prova” das alegações de espionagem a mando do governo chinês.
Enquanto contou mais sobre a evolução da Huawei, Zhengfei explicou a sua filosofia relativamente a trabalho e gestão e voltou a apontar o fundador da Apple, Steve Jobs, como fonte de admiração e inspiração. “Imagino as mudanças que teriam tido lugar no mundo da tecnologia se ele tivesse vivido só um pouco mais,” declarou o líder da Huawei.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, já indicou que as limitações impostas à Huawei podem ter um fim caso os EUA e a China cheguem a um acordo comercial mas, independentemente disso, Zhengfei parece confiante que tudo vai acabar bem. “A Huawei vai subir a montanha e se encontrarmos os EUA no topo vamos abraçá-los – uma coisa é certa, vamos sair disto vivos,” afirmou Zhengfei.