Os dados do ministério da Saúde levam o Governo a lançar um plano de emergência, ontem divulgado.
A acção governamental prevê travar não apenas o surto de malária, mas também o de cólera, que desde o passado mês de Dezembro até a última terça-feira causou 12 mortes.
O plano de combate a essas doenças, que integra medidas e recursos financeiros, foi analisado na província de Benguela, na primeira sessão do Conselho de Governação Local, o novo órgão auxiliar do Presidente da República.
A intervenção do Executivo pressupõe uma abordagem multissectorial e acções de teste, tratamento da malária e de casos suspeitos de cólera, doença que se propagou por três bairros da província do Uíge, e cuja disseminação foi, entretanto, controlada.
Em relação à malária, Luanda é a província com o maior número de casos (75.225), enquanto Benguela regista mais óbitos: 213.
Para combater este fenómeno, as autoridades sanitárias levaram a cabo, nas últimas 24 horas, algumas acções preventivas, incluindo a distribuição de 243.067 mosquiteiros tratados, e acções de fumigação de espaços.
A malária é, desde o fim da guerra, em 2002, a principal causa de morte de forma ininterrupta em Angola, com o número de infecções a ser medido aos milhões e o de mortes provocadas pelo Plasmodium contadas aos milhares, sendo que 2017 foi um particularmente assustador.
"Este ano [2017], de uma forma muito particular (a malária) está a ter dimensões um pouco alarmantes, porque estamos a ouvir falar em surtos um pouco por todo o país, que o Ministério da Saúde está a acompanhar", apontava no final de Dezembro Rafael Dimbu, coordenador-adjunto do Programa Nacional de Controlo da Malária, que traçou um "quadro sombrio".
"Agora os surtos estão a surgir em vários municípios, de várias províncias, como é o caso do município do Cuango, na zona de Cafunfo, província da Luanda-Norte. Também em cinco municípios da província do Huambo, três municípios na província do Uíge, por aí fora", enumerou na altura.
Também no final de 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que Angola e Moçambique estão entre os 15 países onde houve 80% das mortes por malária em 2016.
"Em território angolano, mais de 15,9 mil pessoas morreram no ano passado dos 7,6 milhões de pacientes. O número equivale a 3 % das infecções em países com mais casos fatais", revelava um relatório da OMS divulgado no início de Dezembro passado.