Ulisses Correia e Silva falava durante uma mesa redonda do Fórum de Cooperação China/África, cimeira que terminou esta terça-feira, tendo reunido em Pequim as autoridades chinesas e dezenas de chefes de Estado e de Governo africanos, incluindo os cinco países africanos de língua portuguesa.
"Precisamos de uma globalização para o desenvolvimento e não apenas para o comércio e investimento. Este é o propósito que partilhamos com a República Popular da China através do FOCAC”, afirmou o primeiro-ministro, que está na China desde domingo e ficará até o próximo sábado, com vários encontros ao mais alto nível na agenda, como uma reunião de trabalho com o Presidente, Xi Jinping.
Para Ulisses Correia e Silva, “a globalização deve ser inclusiva, com impacto nas pessoas, no seu bem-estar físico e intelectual e que coloca a dignidade da pessoa humana no centro das políticas públicas”. A globalização, enfatizou, deve “criar as condições para o acesso e partilha mais impactante do conhecimento, da ciência e da tecnologia” e “ser imprescindível sobre o ambiente interno dos países para criar condições institucionais, organizacionais, educacionais, económicas e de confiança”.
Assim, todos ganham. Mais desenvolvimento nos países africanos, potenciam ainda mais comércio, mais investimento e mais sustentabilidade ambiental a nível global”, disse.
O chefe do Executivo defendeu “uma África relevante e pró-activa nas complexas redes de relações políticas, económicas e securitárias mundiais, com a capacidade de inserir em mercados externos competitivos”.
Sobre Cabo Verde, o primeiro-ministro disse que a ambição é atingir o desenvolvimento sustentável, considerando o percurso da China “um exemplo de que é possível entrar na era do desenvolvimento sustentável através de uma visão partilhada, capacidade de conceber e de executar reformas, bem como abertura económica e aposta no conhecimento e na tecnologia”.
Na abertura da cimeira do FOCAC, na segunda-feira, em Pequim, o Presidente chinês anunciou um pacote de 60 mil milhões de dólares para apoiar os países africanos nos próximos três anos. Xi Jiping anunciou também um perdão de dívida que venceria no final de 2018 para os “países menos desenvolvidos ou altamente endividados, sem costa marítima ou pequenas nações insulares, que têm relações [diplomáticas] com a China”.
O país asiático é o maior parceiro comercial de África desde 2009. Pelas estatísticas chinesas, nos primeiros seis meses deste ano, o comércio bilateral aumentou 16%, em termos homólogos, para 98.800 milhões de dólares.