Barnier, que se dirigia em particular ao eurodeputado britânico Nigel Farage, um dos principais rostos da campanha pela saída do Reino Unido, assegurou que a UE sempre respeitou "a decisão soberana de uma maioria dos cidadãos britânicos" no referendo de junho de 2016 que ditou o 'Brexit', "embora a lamente".
"Há dois anos que trabalho com o mesmo respeito pelo Reino Unido. Tenho admiração pelo vosso país, pela sua história, pela sua cultura, por uma série de homens e mulheres que dirigiram o país ao longo da história, sem nunca esquecer a vossa a solidariedade connosco nas horas mais sombrias do século XX. E, nessa lógica de respeito, respeitamos a decisão soberana de uma maioria dos cidadãos britânicos, mesmo que a lamentemos. Senhor Farage, ninguém em Bruxelas quer roubar o 'Brexit' e destronar o voto do povo britânico", declarou Barnier.
Intervindo num debate sobre o Conselho Europeu da semana passada -- no qual a União Europeia discutiu o pedido de extensão do Artigo 50 apresentado por Londres -, Barnier, em resposta à intervenção de um deputado do grupo eurocético dos Conservadores e Reformistas, rejeitou também que alguma vez a UE tenha pretendido castigar ou humilhar o Reino Unido ao longo das negociações.
"Em nenhum momento ao longo destes dois últimos anos, em nenhum segundo, houve na nossa atitude e na minha atitude o mínimo traço de vontade de humilhação ou de vingança sobre o Reino Unido, pelo contrário", assegurou.
Relativamente à "dupla decisão" tomada pelo Conselho Europeu na passada quinta-feira -- de oferecer a Londres uma extensão do Artigo 50 até 22 de maio, se o Acordo de Saída for aprovado esta semana na Câmara dos Comuns, ou 12 de Abril, se for chumbado -, o negociador-chefe da UE apontou que o objectivo foi "precisamente dar a possibilidade ao Reino Unido de assumir as suas responsabilidades, escolher o seu futuro, e assumir finalmente as consequências das decisões que toma".
O negociador-chefe da UE concluiu que, "de uma forma ou outra", é importante terminar este processo "o mais rapidamente possível", até porque, disse - e citou a eurodeputada socialista portuguesa Maria João Rodrigues, que interviera pouco antes -, "há tanto a fazer além do 'Brexit'".
O debate de hoje na assembleia europeia teve lugar algumas horas antes de os deputados britânicos debaterem e votarem possíveis caminhos alternativos ao Acordo de Saída negociado com a UE pelo governo da primeira-ministra conservadora, Theresa May, e chumbado duas vezes pela Câmara dos Comuns.