O primeiro lote, que começou a ser distribuído esta semana, continha 180 toneladas de sementes de milho e feijão, além de mais de 500 toneladas de arroz, feijão e óleo alimentar, para os camponeses em aldeias dos distritos de Nhamatanda e Búzi (Sofala) e Sussundenga e Macate (Manica), para evitar a fome.
Segundo as autoridades, o objectivo é prevenir a insegurança alimentar e recaídas, bem como venda de outras doações ou poupanças nos cuidados de saúde.
"O ciclone Idai destruiu praticamente todas as culturas na fase de colheita" disse à Lusa Olman Serrano, representante da FAO em Moçambique, sustentando que a distribuição simultânea de sementes e comida "vai permitir que se evite perder a semente por causa da fome".
Caso não fossem distribuídos alimentos, "as famílias podiam confeccionar as sementes para se alimentar, o que não seria saudável".
O responsável disse que os 'kits' distribuídos - sementes de ciclo curto, duas enxadas e uma catana - vão permitir que os camponeses recomecem o ciclo agrário, com a segunda época da agricultura de sequeiro, que inicia em abril.
Cada 'kit' permite que um camponês produza meio hectare de milho e um hectare de feijão, sendo desafiado a colher 600 quilogramas de milho e 150 quilogramas de feijão, respectivamente, o suficiente para assegurar alimentos por seis meses, até à principal época agrícola, que arranca em Outubro.
Olman Serrano reconheceu, contudo, que continua a ser um desafio a segurança alimentar da população, após as perdas de culturas nas áreas afectadas, que já viviam em regime de subsistência, devido à falta de produção em quantidade.
Numa segunda fase, será fornecido aos camponeses sementes de hortícolas de alto rendimento no inverno.
Por sua vez, Karin Manente, representante do PMA em Moçambique, considerou crucial a necessidade de alimentar as famílias camponesas, vítimas do ciclone Idai, para assegurar que possam recomeçar o ciclo de produção agrícola, para a sua autossuficiência.
"É importante continuar a dar assistência alimentar às famílias camponesas afectadas, até elas conseguirem se abastecer com as suas culturas" disse à Lusa Karin Manente.
Por seu turno, Higino de Marrule, ministro moçambicano da Agricultura e Segurança Alimentar, que orientou a cerimónia de entrega em Ndedja, uma aldeia de Tica, distrito de Nhamatanda, apelou à população camponesa que retire proveito da humidade nas áreas inundadas pelas chuvas, após a passagem do ciclone, para uma maior produtividade.
A FAO estima que o ciclone já tenha causado a perda de cerca de 500 mil hectares de colheitas na região centro de Moçambique, agravando a insegurança alimentar da área e do país.