Em entrevista à ONU News, de Maputo, a representante da agência no país, Andrea Wojnar, disse que o UNFPA vai ajudar nas quatro províncias afectadas e nas áreas de saúde sexual reprodutiva e prevenção da violência de género.
Do total da população afectada, de 1,85 milhões, estima-se que 67 mil são mulheres grávidas. Nos próximos três meses, devem nascer 19 mil crianças. Mais de 3 mil mulheres podem estar em risco de vida, com emergências relacionadas à gravidez.
A representante disse que a agência “vai apoiar a reabilitação de clínicas destruídas e estabelecer clínicas provisórias.” Também vai criar espaços seguros para mulheres, em colaboração com a UNICEF. Andrea Wojnar contou que o UNFPA quer ter a certeza de que todos têm conhecimento e acesso a estes serviços, e “sabem para onde podem ir para estar seguros de violência de género".
Como parte desses esforços, o UNFPA está a distribuir kits de dignidade para mulheres e meninas. A agência também vai formar enfermeiras de saúde materna e fornecer kits de saúde reprodutiva e para recém-nascidos. Para a representante, o maior desafio é entregar toda esta ajuda “numa corrida contra o tempo.”
Wojnar disse que estão “a tentar responder às necessidades destas quase 70 mil mulheres grávidas, mulheres que estão em risco de gravidezes muito difíceis que podem ameaçar a sua vida e mulheres que vivem com HIV.” Segundo ela, “existem múltiplas vulnerabilidades.”
No país, 77 mil mulheres em idade reprodutiva são seropositivas, incluindo 6,8 mil mulheres grávidas.
Para a representante, “outro desafio continua a ser ter acesso às populações e levar os materiais e funcionários necessários para prestar estes serviços.”
Segundo o UNFPA, a maioria dos deslocados são mulheres e crianças e “estão profundamente traumatizados e vivem em circunstâncias incrivelmente difíceis.”
A violência baseada no género prevalece em situações de deslocamento, com mulheres e meninas alvo de uma série de abusos.
A agência diz que “existe uma necessidade urgente de tomar medidas para minimizar os riscos e para garantir que os sobreviventes têm acesso a serviços oportunos, seguros, confidenciais e de qualidade.”
Instalações de saúde e educação sofreram danos significativos, com mais de 3 mil salas de aula e 45 centros de saúde danificados. Mais de 58 mil casas foram parcial ou totalmente destruídas, de acordo com relatórios do governo.
O ciclone Idai e as chuvas que se seguiram destruíram perto de 500 mil hectares de cultivo, semanas antes da época das colheitas. O país já tem uma das taxas mais altas de subnutrição crónica na África, como cerca de 42% das crianças menores de cinco anos sofrendo de subnutrição.