​Pelo menos 67 mil mulheres grávidas afectadas pelo ciclone Idai em Moçambique

PorExpresso das Ilhas, ONU News,27 mar 2019 8:09

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), disse que uma das suas grandes prioridades é a situação de 67 mil mulheres grávidas que foram afectadas pelo ciclone Idai em Moçambique.

Em entrevista à ONU News, de Maputo, a representante da agência no país, Andrea Wojnar, disse que o UNFPA vai ajudar nas quatro províncias afectadas e nas áreas de saúde sexual reprodutiva e prevenção da violência de género.

Do total da população afectada, de 1,85 milhões, estima-se que 67 mil são mulheres grávidas. Nos próximos três meses, devem nascer 19 mil crianças. Mais de 3 mil mulheres podem estar em risco de vida, com emergências relacionadas à gravidez.

A representante disse que a agência “vai apoiar a reabilitação de clínicas destruídas e estabelecer clínicas provisórias.” Também vai criar espaços seguros para mulheres, em colaboração com a UNICEF. Andrea Wojnar contou que o UNFPA quer ter a certeza de que todos têm conhecimento e acesso a estes serviços, e “sabem para onde podem ir para estar seguros de violência de género".

Como parte desses esforços, o UNFPA está a distribuir kits de dignidade para mulheres e meninas. A agência também vai formar enfermeiras de saúde materna e fornecer kits de saúde reprodutiva e para recém-nascidos. Para a representante, o maior desafio é entregar toda esta ajuda “numa corrida contra o tempo.”

Wojnar disse que estão “a tentar responder às necessidades destas quase 70 mil mulheres grávidas, mulheres que estão em risco de gravidezes muito difíceis que podem ameaçar a sua vida e mulheres que vivem com HIV.” Segundo ela, “existem múltiplas vulnerabilidades.”

No país, 77 mil mulheres em idade reprodutiva são seropositivas, incluindo 6,8 mil mulheres grávidas.

Para a representante, “outro desafio continua a ser ter acesso às populações e levar os materiais e funcionários necessários para prestar estes serviços.”

Segundo o UNFPA, a maioria dos deslocados são mulheres e crianças e “estão profundamente traumatizados e vivem em circunstâncias incrivelmente difíceis.” 

A violência baseada no género prevalece em situações de deslocamento, com mulheres e meninas alvo de uma série de abusos.

A agência diz que “existe uma necessidade urgente de tomar medidas para minimizar os riscos e para garantir que os sobreviventes têm acesso a serviços oportunos, seguros, confidenciais e de qualidade.”

Instalações de saúde e educação sofreram danos significativos, com mais de 3 mil salas de aula e 45 centros de saúde danificados. Mais de 58 mil casas foram parcial ou totalmente destruídas, de acordo com relatórios do governo.

O ciclone Idai e as chuvas que se seguiram destruíram perto de 500 mil hectares de cultivo, semanas antes da época das colheitas. O país já tem uma das taxas mais altas de subnutrição crónica na África, como cerca de 42% das crianças menores de cinco anos sofrendo de subnutrição.

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Autoria:Expresso das Ilhas, ONU News,27 mar 2019 8:09

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 dez 2019 23:21

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