Henrietta Fore fez as declarações no final de uma visita à cidade da Beira, uma das zonas mais afectadas, uma semana após o ciclone. A representante disse que a comunidade internacional e as autoridades nacionais estão “numa corrida contra o tempo para ajudar e proteger as crianças nas áreas arrasadas” por este desastre natural.
De acordo com estimativas iniciais do governo, 1,8 milhão de pessoas em todo o país, incluindo mais de 900 mil crianças, foram afectadas pelo ciclone. No entanto, muitas áreas ainda não são acessíveis e a UNICEF e parceiros acreditam que os números finais serão muito mais elevados.
Em nota, Henrietta Fore disse que "a situação vai piorar antes de melhorar" e que “as agências de ajuda ainda mal começaram a ver a escala dos danos.”
Aldeias inteiras foram submersas, prédios, escolas e centros de saúde destruídos. Fore disse que as operações de busca e salvamento continuam, mas que “é fundamental tomar todas as medidas necessárias para evitar a disseminação de doenças transmitidas pela água, o que pode transformar este desastre em uma grande catástrofe.”
A UNICEF está preocupada com o facto de as inundações, combinadas com condições de superlotação nos abrigos, falta de higiene, água estagnada e fontes de água infectadas, causarem doenças como cólera, malária e diarreia.
Idai: Número de mortos contabilizados em Moçambique sobe para 446
O número de vítimas mortais do ciclone Idai e das cheias que se seguiram no centro de Moçambique subiu para 446, anunciaram hoje as autoridades moçambicanas. A informação foi prestada no centro de operações de socorro instalado no aeroporto da cidade da Beira e representa um acréscimo de 29 mortos em relação a sábado.
As avaliações iniciais na Beira indicam que mais de 2,6 mil salas de aula foram destruídas e 39 centros de saúde tiveram impacto. Pelo menos 11 mil casas foram totalmente destruídas.
A chefe da UNICEF afirmou que "isso terá sérias consequências na educação das crianças, no acesso aos serviços de saúde e no bem-estar mental."
Na Beira, Fore visitou uma escola transformada num abrigo para famílias deslocadas. As salas de aula foram convertidas em quartos superlotados com acesso limitado a água e saneamento. A directora executiva disse estar particularmente preocupada com a segurança e o bem-estar de mulheres e crianças que ainda esperam para serem resgatadas ou estão amontoadas em abrigos temporários e em risco de violência e abuso.
Fore explicou que também está preocupada “com crianças que ficaram órfãs pelo ciclone ou se separaram de seus pais no caos que se seguiu". A responsável afirmou que "para as crianças afectadas o caminho para a recuperação será longo."
Na Beira, a representante visitou um armazém da UNICEF que foi severamente danificado no ciclone, causando a perda de bens essenciais.
Numa primeira fase, a agência precisa de 30 milhões de dólares para esta resposta.