Jovens aspirantes a deputados, a maioria universitários ligados à ala juvenil do partido, e diversos músicos agitam os chamados 'showmícios', não raras vezes fortalecidos pela presença de funcionários públicos.
Entre gritos de vitória antecipada, ampliados por vuvuzelas, e o refrão do hino de campanha do partido, interpretado em língua sena por jovens locais, a multidão alinha-se sob o comando de um responsável pela campanha.
O homem convida os demais a abraçar as causas da Frelimo porque assim "tudo dá certo".
As moto-táxi também se juntam à caravana, pois os condutores nem se importam de fazer parte da festa, desde que o partido forneça o combustível.
"Vamos, Frelimo está a trabalhar", gritam jovens em cântico, num outro momento, uma passeata mista - com peões, carros e motorizadas - na aldeia de Muda Serração.
Ali estão a receber a candidata a governadora, que se dirige em língua local à população para apresentar o manifesto do partido para o próximo ciclo de governação.
No comício e na campanha porta-a-porta, a candidata da Frelimo a governadora de Manica, Francisca Tomás, promete paz, unidade nacional e desenvolvimento, com a construção de mais escolas, hospitais, estradas, pontes e fontes de água, além de restaurar a economia das zonas dilaceradas pelo conflito político-militar, entre 2014 e 2016.
"Senti que, de facto, nós devemos trabalhar ainda mais, para fazer chegar os serviços básicos lá onde não pudemos estar na altura dos conflitos armados" disse a candidata à Lusa.
"Senti satisfação da população por causa da paz", acrescentou, depois de fazer campanha em aldeias atingidas pelo conflito nos distritos de Tambara, Macossa, Barué, Vanduzi e Gondola.
A região de Muda Serração (Gondola), que fica próximo de uma base do braço armado da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), teve algumas escolas encerradas devido aos confrontos que envolveram o Governo e a antiga guerrilha.
"A Frelimo é pela construção, pelo desenvolvimento, pela unidade nacional, a Frelimo é pela paz", sublinhou a governadora da província do Niassa, que tem agora o seu posto suspenso para atender a campanha para sua eleição ao mesmo cargo em Manica.
"A população [das zonas de guerra] precisa desses serviços básicos para o seu desenvolvimento" sublinhou, ao mesmo tempo que promete erradicar os casamentos prematuros, um fenómeno complexo em Manica.
A candidata da Frelimo reconhece, contudo, que "há muito por fazer" para o equilíbrio social numa província subdesenvolvida, mas garante que "também se fez muito".
No seu trabalho de campanha, a governadora que agora vai tentar liderar outra província, ainda beneficia da ajudante de campo, de um aparato de agentes da força de segurança, escolta, além de o protocolo ser constituído por funcionários estatais, afetos ao gabinete ao governador.
A 15 de outubro, 12,9 milhões de eleitores moçambicanos vão escolher o Presidente da República, dez assembleias provinciais e respetivos governadores, bem como 250 deputados da Assembleia da República. Esta vai ser a primeira vez que os governadores vão ser eleitos - em vez de nomeados pelo Presidente da República -, velha aspiração da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição.
A medida faz parte do acordo alcançado entre o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o histórico líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
O líder da oposição morreu a 03 de maio de 2018 e estas vão ser as primeiras eleições sem ele.
Dos acordos que estabeleceu com Nyusi nasceu o acordo de paz assinado entre o Presidente moçambicano e o novo líder da Renamo, Ossufo Momade, a 06 de agosto.