Imigrantes: Arriscaram tudo e arriscariam de novo

PorExpresso das Ilhas, ONU News,21 out 2019 8:34

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© Unicef/Ashley Gilbertson
© Unicef/Ashley Gilbertson

Os migrantes irregulares que fizeram a árdua jornada de África para a Europa repetiriam a experiência, apesar de saberem dos perigos da viagem. Esta é a conclusão do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgado nesta segunda-feira.

Cerca de 93% dos quase 2 mil migrantes irregulares, que participaram do estudo, confirmaram que enfrentaram perigos nos trajectos, mas apenas 2% disseram que uma maior consciencialização dos riscos os levaria a ficar em casa.

Esta e outras informações constam do novo relatório “Escalando Cercas: Vozes de Migrantes Africanos Irregulares para a Europa”. O documento visa colectar evidências e mostrar uma imagem mais clara do motivo pelo qual os migrantes irregulares se mudam de África para a Europa.

O relatório ouviu 1.970 migrantes, de 39 países africanos, em 13 nações europeias. Todos declararam ter chegado à Europa por meios irregulares e não pela via do asilo ou da protecção.

Segundo a agência da ONU, o resultado desafia suposições comuns sobre a migração irregular da África para a Europa. O estudo conclui que conseguir um emprego não era a única motivação para se mudar, que nem todos os migrantes irregulares eram 'pobres' em África, nem tinham os níveis mais baixos de educação.

© Acnur/Gordon Welters
© Acnur/Gordon Welters

A pesquisa aponta que 58% dos entrevistados estavam empregados ou na escola no momento da partida. A maioria dos que trabalhavam ganhavam salários competitivos para as realidades locais. 

Ainda assim, cerca de 50% dos trabalhadores entrevistados disseram que não estavam a ganhar o suficiente.

O líder do PNUD, Achim Steiner, explica que o relatório destaca que a migração é um reflexo do progresso do desenvolvimento em toda a África, embora seja um progresso desigual e não rápido o suficiente para atender às aspirações das pessoas.”

O relatório conclui que, para muitos dos que se deslocam por canais irregulares de África para a Europa, a viagem tem um tempo determinado. Os resultados mostram que entre aqueles que têm direito legal ao trabalho, a maior parte não queria ficar na Europa, em comparação com aqueles que querem ficar. Essa diferença é de 18%.

A aparente vergonha de não cumprir a "missão" de enviar dinheiro de volta às famílias e comunidades aparece como um factor importante que impediu os entrevistados de regressarem a casa. Entre os participantes, 53% receberam pelo menos algum tipo de apoio financeiro das suas famílias e amigos para pagar pela viagem.

Uma vez na Europa, dos que conseguiram obter alguma forma de rendimento, 78% enviavam dinheiro de volta para casa. Em média, entre os entrevistados, estes valores representavam um terço do seu rendimento mensal. Nos países de origem, isso corresponderia a 85% do total do rendimento mensal.

© Acnur/Gordon Welters
© Acnur/Gordon Welters

O relatório também constatou que a experiência de estar na Europa não é a mesma entre homens e mulheres. A diferença salarial entre géneros, em África, inverte-se na Europa, com as mulheres a ganhar 11% a mais, em contraste com os 26% a menos que recebem no continente africano.

Uma proporção maior de mulheres também disse que envia dinheiro de volta para casa, mesmo entre as que não estavam a ganhar um rendimento regular..

As diferenças de gênero também foram aparentes nas experiências de criminalidade. Uma proporção um pouco maior de mulheres disse ter sido vítima de um crime nos seis meses anteriores à entrevista do que os homens. Relatos de ataques sexuais foram significativamente maiores.

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Autoria:Expresso das Ilhas, ONU News,21 out 2019 8:34

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  7 jul 2020 23:21

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