A Casa Branca já reagiu considerando que a decisão é “injusta e inconstitucional”.
A Câmara de Representantes, de maioria democrata, aprovou a resolução por 232 votos a favor e 196 votos contra.
O Partido Democrata acusa Donald Trump de abuso de poder no exercício do cargo, por ter pressionado o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, para investigar as actividades junto de uma empresa ucraniana suspeita de corrupção do filho de Joe Biden, ex-vice-Presidente e seu actual adversário político.
Esta é apenas a terceira vez na história dos Estados Unidos que a Câmara dos Representantes votou um inquérito para destituição de um Presidente em exercício.
“É a nossa democracia que está em jogo”, afirmou Nancy Pelosi, líder Democrata da Câmara de Representantes, referindo-se ao processo de investigação sobre as alegadas pressões do Presidente sobre um líder estrangeiro, usando o poder do cargo que ocupa para obter benefícios políticos próprios.
A Casa Branca reagiu à votação no Congresso, através de um comunicado, dizendo que “é injusto, inconstitucional e fundamentalmente anti-americano”.
Na sua conta pessoal da rede social Twitter, Donald Trump repetiu a expressão que tem usado muitas vezes sobre este inquérito, que já decorre há um mês: “É uma caça às bruxas!”
Na prática, a resolução da Câmara dos Representantes apenas define as regras para o futuro da investigação à actividade de Donald
Trump, tornando pública a apresentação de provas e permitindo aos advogados do Presidente preparar a sua defesa.
O inquérito já decorre há um mês e já levou à audição de várias testemunhas, incluindo assessores do Presidente e funcionários do Departamento de Estado, que estiveram envolvidos no relacionamento dos EUA com a Ucrânia ou tiveram acesso às reuniões e telefonemas entre a equipa de Donald Trump e o Governo de Kiev.
A nova fase de inquérito acontece 20 anos depois de um outro processo de destituição, contra Bill Clinton, quando a Câmara de Representantes, de maioria democrata, aprovou uma resolução para a investigação da possível obstrução de justiça do Presidente, num caso que envolvia uma relação com uma estagiária, na Sala Oval da Casa Branca.
Tal como há 20 anos, a votação da resolução para tornar público o inquérito, permitirá agora tornar públicas as provas recolhidas, antes de serem apresentados artigos de destituição que terão de ser votados na Câmara de Representantes.
Se forem aprovados, esses artigos seguem para o Senado (com maioria do Partido Republicano, que apoia Trump) onde, se forem aprovados por uma maioria de 2/3, levarão à remoção de Donald Trump do cargo de Presidente dos EUA.
O inquérito procura averiguar se houve uma pressão, com existência de contrapartidas (“quid por quo”), sobre o Presidente da Ucrânia, para que o filho de um adversário político de Trump, Joe Biden, fosse investigado num caso de corrupção, a partir da denúncia de um funcionário da CIA, que teve acesso a um telefonema, em Julho, onde teria sido feito esse pedido.
Trump tem negado a existência de qualquer pressão, dizendo que o telefonema foi “totalmente coreto” e acusando o Partido Democrata de uma “caça às bruxas”, procurando retirar dividendos políticos da situação para prejudicar a sua campanha para reeleição nas presidenciais de 2020.