O candidato Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, realiza uma visita a Biombo, encerrando depois a campanha em Bissau com um comício no estádio Lino Correia, no centro da cidade.
O candidato Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), efetua alguns contactos durante o dia para depois encerrar também a campanha eleitoral com um comício no Espaço Verde, junto à sua sede de candidatura.
Ataques pessoais marcaram debate dos candidatos
Entretanto, realizou-se ontem o último debate entre os candidatos. Um debate que, segundo a agência Lusa ficou marcado por ataques pessoais sobre o desempenho de ambos enquanto primeiro-ministro.
Neste particular, o candidato Umaro Sissoco Embaló foi quem deu o tom, ao desferir vários ataques ao seu adversário, a quem acusou de alegadas práticas de corrupção, falta de transparência na gestão da coisa pública e traição aos seus aliados políticos.
Domingos Simões Pereira, por seu turno, acusou Sissoco Embaló de "falta de preparação e de desconhecimento das normas de funcionamento de um Estado", e acrescentou que o seu adversário confunde dados ao associá-lo a situações numa ocasião em que ainda não era primeiro-ministro.
Embaló delatou Pereira de "falta de transparência", por, nomeadamente, adquirir recentemente uma casa em Portugal. Domingos Simões Pereira respondeu que todo o seu percurso académico e profissional é público, bem como a proveniência dos seus bens.
Em relação à manutenção da estabilidade governativa no país, Umaro Sissoco Embaló defendeu que o problema ocorre sempre que o poder é dado, no seu todo, ao Partido Africano da Independência da Guine e Cabo Verde" (PAIGC), liderado por Simões Pereira.
Embaló propôs a partilha do poder, entre as diferentes franjas políticas guineenses, anunciando, por exemplo que se for eleito Presidente não teria nenhum problema em nomear Domingos Simões Pereira primeiro-ministro.
Em resposta, Pereira disse que não estava "numa peça de teatro", mas num debate para explicar ao povo guineense qual o seu pensamento político.
Umaro Embaló afirmou que a sua pretensão de nomear Simões Pereira chefe do Governo é inspirado no modelo que Nelson Mandela fez com o seu adversário Frederik de Klerk, na África do Sul.
Os dois candidatos comprometeram-se a respeitar a Constituição da Guiné-Bissau, incentivar medidas que dignifiquem as Forças Armadas, o poder judicial e a incrementar uma diplomacia forte a favor do país.
Umaro Sissoco Embaló anunciou igualmente que deixará a política ativa, se for eleito Presidente, quando completar 57 anos.
Simões Pereira pediu a Sissoco Embaló que aproveitasse o debate para esclarecer a proveniência dos seus bens, uma vez que não é público o seu local de trabalho e também os títulos académicos e de general.
Embaló explicou que foi nomeado general "dentro de um processo de promoção normal das Forças Armadas" e em relação ao título académico mostrou um documento que prova a sua inscrição numa universidade em Portugal.
Os dois candidatos comprometeram-se ainda a respeitar os resultados eleitorais que serão anunciados pela Comissão Nacional de Eleições e ambos mostraram-se confiantes na vitória no próximo domingo.
O debate, organizado pela televisão pública do país e transmitido em direto, decorreu durante mais de duas horas e realizou-se numa unidade hoteleira em Bissau, capital do país.
Mais de 760.000 eleitores são chamados no domingo às urnas para escolher o próximo Presidente da Guiné-Bissau entre Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), e Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC.
Recorde-se que Domingos Simões Pereira passou à segunda volta com 40,13% dos votos e Umaro Sissoco Embaló com 27,65%.
A campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais teve início no dia 13 e durante duas semanas os candidatos percorreram todas as regiões do país.