Um encontro virtual de alto nível sobre a iniciativa da União Africana para silenciar as armas reuniu mais de 600 representantes de governos, da sociedade civil, de entidades da ONU e da academia.
A reunião, co-organizada pelas Nações Unidas, debateu o papel dos fluxos financeiros ilícitos no aumento da instabilidade regional.
Na abertura da sessão, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, realçou que crimes como facturamento comercial indevido, fraude fiscal, atividades ilegais e lavagem de dinheiro continuam em alta na região.
Para a vice-chefe da ONU é essencial que haja vontade política para implementar medidas que combatam o problema, especialmente “para tornar os custos maiores do que os benefícios pessoais.”
No evento, a conselheira do secretário-geral para África, a cabo-verdiana Cristina Duarte, disse que em relação ao “escoamento de uma parte significativa dos escassos recursos e activos africanos em fluxos financeiros ilícitos” a grande falha será ainda mais agravada durante o surto de Covid-19 e no pós-pandemia.
Cristina Duarte reforçou que estes crimes devem ser vistos na perspectiva da perda de oportunidades de desenvolvimento, de meios de subsistência ou do aumento da pobreza.
Para a conselheira do secretário-geral, é injusto permitir que o continente enfrente estes enormes desafios “privado de um volume significativo dos seus recursos que representa quase o total das entradas da ajuda financeira ao desenvolvimento e do investimento directo estrangeiro.”
Na procura de uma recuperação regional sustentável, Cristina Duarte disse ainda que é uma necessidade de desenvolvimento e uma obrigação moral assegurar que África use todas as capacidades e recursos para garantir que o processo seja genuíno e inclusivo.
A conselheira de António Guterres para África sublinhou que, para o continente, a recuperação deve ter em consideração os mais vulneráveis e tem de ajudar a retroceder a tendência de aumento da pobreza, para não deixar ninguém para trás, como se pretende com a Agenda 2030.