Esta ideia foi defendida num artigo de opinião assinado pelo director-geral da FAO, QU Dongyu, pela comissária da União Africana para a Economia Rural e a Agricultura, Josefa Sacko, pela ministra da Agricultura, Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural da África do Sul e pelo presidente do Comité Técnico Especializado para a Agricultura da União Africana, Thokozile Didiza.
No documento, que surge na sequência da reunião realizada durante a semana finda entre a FAO e a União Africana sobre a pandemia da COVID-19 e a segurança alimentar, os autores apontam as refeições escolares como o caminho para as sociedades mais saudáveis e produtivas.
“Uma criança que recebe uma refeição na escola é uma criança que fica na sala de aula e se educa. A pressão económica sobre a família diminui. Com o tempo, o efeito combinado da educação e boa nutrição da primeira infância é sentido em comunidades inteiras, estabelecendo as bases para sociedades mais saudáveis e produtivas”, lê-se no artigo de opinião.
Por outro lado, aponta-se que se a escola estiver fechada, a criança não terá mais acesso à merenda escolar, as famílias estarão em dificuldades e, a longo prazo, a vitalidade económica desaparece.
O documento acrescenta que os países africanos que responderam à crise da COVID-19 fechando as escolas e os negócios correm o risco de hipotecar o seu futuro, na esperança de proteger as suas populações.
“Para evitar danos irreparáveis, o confinamento devido ao novo coronavírus em África deve ser acompanhado de medidas de mitigação rápidas e enérgicas”, aconselham.
Adiantam ainda que os governos deveriam, com o apoio de doadores, agências multilaterais, ONG e atores do sector privado, criar novos programas de protecção social.
Por outro lado, o relatório da Rede Mundial contra Crises Alimentares, da Organização das Nações Unidas (ONU), revelou que, até o final de 2019, mais de 135 milhões de pessoas no mundo enfrentavam uma situação de “insegurança alimentar grave e aguda”.
De acordo com o documento, publicado na passada terça-feira, 21, por várias agências das Nações Unidas, governamentais e não governamentais, que trabalham para combater as principais causas da fome extrema, este é o “nível mais alto de insegurança alimentar aguda e desnutrição” registado desde a primeira edição do relatório em 2017.