A posição de Qu Dongyu consta de um artigo de opinião a propósito da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD), que decorre no Japão, de 28 a 30 de Agosto, e que conta com a presença de uma delegação cabo-verdiana, chefiada pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
No texto enviado hoje à comunicação social, o responsável da FAO refere que os pequenos agricultores africanos, os criadores de gado, os pescadores e as comunidades florestais são essenciais para combater a fome e garantir o acesso de todos à boa nutrição. Entretanto, lamenta que a capacidade de produzir alimentos e obter rendimentos com essa actividade seja, no entanto, ameaçada pelos efeitos das alterações climáticas, conflitos e crises económicas.
Trata-se de um desafio que deve contar com o envolvimento de todos.
“A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) está na vanguarda desses esforços globais. A FAO reconhece o papel essencial da agricultura na luta contra a fome e a pobreza de forma inclusiva. A FAO destaca o papel crucial da mecanização sustentável. Aliviar os agricultores do trabalho manual particularmente difícil, especialmente as mulheres, pode permitir passar-se de uma agricultura de pequena escala para empresas mais voltadas para a lógica do mercado, melhorar os rendimentos e ajudar os agricultores a sair da pobreza”, lê-se.
Qu Dongyu lembra que o mundo está a progredir a uma velocidade alucinante, mas o progresso alcançado não garante o futuro alimentar do planeta.
“Em África, onde desde os inícios da década de 90, o número de catástrofes relacionadas com condições climatéricas extremas duplicou, 257 milhões de pessoas dormem com fome, ou seja, 20% da população. No continente, os casos de desnutrição crónica coexistem com os de excesso de peso, obesidade e outras formas de má nutrição”, lamenta.
Segundo a agência da ONU, são necessários 140 mil milhões de dólares em investimentos adicionais, a cada ano, para erradicar a fome e a pobreza em todo o mundo até 2030. A maioria desses investimentos deverá ser direccionada para a África subsaariana.
Relativamente aos conflitos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura acredita que precisam de ser resolvidos a nível político e encoraja os diferentes parceiros a intensificar as acções para promover a segurança alimentar e combater a pobreza.
“Isso pode ajudar a prevenir uma crise ou mitigar os seus efeitos e mostrar o caminho para mais paz e estabilidade”, acredita.
No mesmo documento, a organização recorda que a juventude africana também é portadora de “inúmeras oportunidades”, sendo que na África Subsaariana 60% da população tem menos de 25 anos.
“Uma população particularmente jovem que, nos próximos anos, deverá colocar todo o seu peso no mercado de trabalho, representando uma fonte de oportunidades no sector agro-alimentar”, entende.
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um dos sectores que a FAO acredita que deve ser aproveitado, permitindo que os pequenos agricultores se conectem aos mercados, reduzam os custos de transacção e os riscos ligados a catástrofes naturais, enquanto o comércio electrónico ajudará a fortalecer o ambiente económico.
O Japão é referenciado no artigo como um dos pontas de lança da assistência ao desenvolvimento no continente africano, com várias décadas de trabalho, em parceria com a FAO, para fortalecer a segurança alimentar e promover o uso sustentável dos recursos naturais.
Naquele país insular no Oceano Pacífico reúnem-se, esta semana, vários parceiros de desenvolvimento e diferentes países para discutir os sucessos e os desafios específicos para o desenvolvimento do continente africano.