​Rede Vozes Negras pelo Clima quer vez e voz nas negociações sobre alterações climáticas

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,8 dez 2023 7:52

Promover direitos humanos, justiça socioambiental e combate ao racismo climático a nível territorial, regional, nacional e internacional. É com este objectivo que a Rede Vozes Negras pelo Clima, do Brasil, marca presença na COP28, que decorre no Dubai. Mas é preciso dar voz à sociedade civil durante as discussões sobre as alterações climáticas, disse hoje a organização.

A Rede é fruto do projeto “Mulheres Negras e Justiça Climática” da Amnistia Internacional Brasil, que reúne líderes femininas de oito estados brasileiros, em representação de diversos biomas. Em entrevista à Rádio Morabeza, Mónica Baldino, uma das integrantes do grupo de 11 mulheres, explica que a sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas tem por finalidade lutar contra o racismo ambiental, como uma crise de direitos humanos.

“Sim, nós defendemos porque o racismo ambiental é uma crise de direito humano. Então, os nossos ambientes, os nossos territórios estão a ser violados e diretamente atingidos pelas questões climáticas. Então, toda e qualquer mudança climática afeta diretamente os nossos territórios. Como consequência, a questão da racialidade, principalmente da mulher, que está na base da pirâmide, seja por questões de salário, seja por questões de direitos humanos, saneamento básico, políticas públicas, nós sempre somos mais atingidas. Por causa disso, clamamos por justiça”, diz.

Durante a COP28 no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, as mulheres da Rede estão presentes com o objectivo de contribuir para os debates sobre mudanças climáticas, através do diálogo para fortalecer as vozes historicamente marginalizadas a nível global. Mónica Baldino quer que os movimentos da sociedade civil tenham vez e voz no que diz respeito às decisões sobre questões ambientais e pede uma cadeira na mesa de negociações de alto nível sobre as alterações climáticas.

“Grande parte da sociedade civil está aqui na COP, mas continua a não ter voz. Nós não participamos das mesas de negociações, nem das discussões que falam das questões dos nossos territórios. Então, nós vemos muitas empresas que inclusive violam os nossos territórios aqui na COP a apresentar programas de transição energética, futuro, projetos, mas nós não fomos chamados para opinar e justamente denunciar os crimes ambientais que essas mesmas empresas fazem nos nossos territórios. E como consequências piores, com o aumento da temperatura, nós já estamos a viver grandes desastres no Brasil, nós já estamos a sofrer dentro dos nossos territórios com essas violações”, aponta.

A Rede Vozes Negras pelo Clima é uma iniciativa de mulheres negras brasileiras, com o objectivo de fomentar uma agenda climática e ambiental antirracista.

Durante a conferência, a Rede procura potencializar e dar visibilidade às ações já desenvolvidas pelas suas integrantes, conectando-as a esforços mais amplos de incidência política a nível nacional e internacional. A incidência política e advocacy nos territórios, espaços e organismos nacionais e internacionais são pilares fundamentais da atuação da Rede.

A Rádio Morabeza está no Dubai a convite da CFI - agence française de développement médias.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,8 dez 2023 7:52

Editado porAndre Amaral  em  3 mai 2024 23:28

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