“Mantemos o firme compromisso de acabar com o desmatamento na Amazónia até 2030. Já conseguimos reduzi-lo em quase 50% nos 10 primeiros meses deste ano, o que evitou a emissão de 250 milhões de toneladas de carbono na atmosfera. Mas muitos países do Sul Global não terão condições de implementar suas NDCs, nem de assumir metas mais ambiciosas. Os mais vulneráveis não podem ter que escolher entre combater a mudança do clima e combater a pobreza. Terão que fazer ambos”, defende.
Para o líder brasileiro, o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, é inegociável.
“Ameaçá-lo vai na contramão de qualquer noção básica de justiça climática. Essa noção demanda que sejam cumpridas as obrigações de financiamento, de transferência de tecnologia”, diz.
Lula da Silva considera “inaceitável que a promessa de 100 mil milhões de dólares por ano assumida pelos países desenvolvidos não saia do papel, enquanto, só em 2021, os gastos militares chegaram a “2 triliões e 200 bilhões de dólares”.
“Estamos diante do que talvez seja o maior desafio já enfrentado pela humanidade. Em vez de unir forças, o mundo trava guerras, alimenta divisões e aprofunda a pobreza e as desigualdades”, afirma.
O governante brasileiro lembra que o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é categórico sobre o perigo de um aumento na temperatura global superior a 1,5 graus celsius.
“Temos um problema colectivo de inacção, outro de falta de ambição”, entende.
Lula afirma que o Brasil ajustou as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas e prometeu reduzir 48% das emissões até 2025 e 53% até 2030, além de atingir a neutralidade climática até 2050. Uma meta que considera ambiciosa relativamente a vários países que poluem a atmosfera desde a revolução industrial no século XIX.
“No seu discurso, o líder brasileiro lembrou que a emergência climática já é uma realidade no seu país, com a Amazónia a atravessar, neste momento, uma seca inédita. O nível dos rios é o mais baixo em mais de 120 anos. Nunca imaginei que veria isso no lugar onde estão os maiores reservatórios de água doce do mundo”, lamenta.
Nos últimos dois anos até a COP30, Lula da Silva defende a necessidade de redobrar os esforços para implementar as Contribuições Nacionalmente Determinadas assumidas.