Propostas do Hamas? "Irrealistas". Netanyahu aprova invasão de Rafah

PorExpresso das Ilhas, Lusa,15 mar 2024 14:19

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, considerou hoje como "ainda irrealistas" as novas exigências do Hamas para um cessar-fogo e insistiu no plano ainda não divulgado do exército para invadir Rafah, junto à fronteira com o Egipto.

"As exigências do Hamas continuam a ser irrealistas", afirmou hoje o gabinete do primeiro-ministro num comunicado oficial, em que, paralelamente, anunciou o envio de uma delegação a Doha, depois de Netanyahu se ter reunido de manhã com o gabinete de guerra na base militar de Kirya, em Telavive.

O comunicado refere que Netanyahu "aprovou os planos de acção em Rafah" e que o exército israelita "está a preparar-se para a parte operacional e para a retirada a população".

Entre outras questões, o Hamas que até agora exigiu um cessar-fogo definitivo em Gaza antes de qualquer troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos, está agora pronto para uma trégua de seis semanas, disse à AFP um responsável do movimento islamita palestiniano, que solicitou anonimato.

No âmbito desta trégua, 42 reféns - mulheres, crianças, idosos e doentes - poderão ser libertados em troca de 20 a 50 prisioneiros palestinianos, consoante se trate de civis ou soldados, e à razão de um refém por dia, acrescentou o responsável.

Durante a eventual trégua de seis semanas, o movimento islamita exige também a "retirada do exército de todas as cidades e zonas povoadas", o "regresso das pessoas deslocadas sem restrições" e a entrada de pelo menos 500 camiões de ajuda humanitária por dia, explicou este responsável.

No final desta primeira fase, o Hamas pretende chegar a uma "troca global de prisioneiros", incluindo a "libertação dos oficiais e soldados israelitas capturados e dos mortos pelo Hamas e por outros movimentos" em troca de prisioneiros palestinianos numa proporção não especificada, continuou o funcionário.

Em troca deste acordo, o movimento islamita exige a "retirada total" do exército israelita da Faixa de Gaza - onde a operação militar israelita já fez cerca de 31.500 mortos, segundo o Hamas -, a sua "reconstrução" e o fim do bloqueio a que o território está sujeito desde que o Hamas tomou o poder em 2007.

Hoje, no Cairo, o Presidente egípcio, Abdelfatah al-Sisi, manifestou-se esperançado de que seja possível alcançar um acordo de cessar-fogo em Gaza em breve, após mais de cinco meses de combates entre Israel e o Hamas.

"Esperamos que dentro de alguns dias, no máximo, se chegue a um cessar-fogo e que não haja desenvolvimentos negativos que possam afectar ainda mais a situação", disse al-Sisi, ao discursar numa cerimónia para os novos alunos da academia de polícia.

O Egipto, que tem uma fronteira com Gaza entre a Península do Sinai e a cidade palestiniana de Rafah, está a mediar as negociações conjuntamente com o Qatar e os Estados Unidos.

A guerra em curso foi desencadeada pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita, em 07 de Outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e cerca de centena e meia de reféns, segundo as autoridades de Israel.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar contra a Faixa de Gaza que matou mais de 31.300 pessoas até quinta-feira, segundo as autoridades do enclave governador pelo Hamas desde 2007.

"Estamos a fazer todos os esforços sinceros e fiéis para chegar a um cessar-fogo na Faixa de Gaza para proteger e salvar a nossa família em Gaza, especialmente os civis inocentes", afirmou o líder egípcio.

Al-Sisi disse que o Egipto está a tentar permitir que as pessoas que se amontoam em Rafah "se desloquem para os seus lugares no centro e no norte" do enclave, um dos pontos do projecto de cessar-fogo.

O Hamas anunciou na quinta-feira à noite uma nova resposta às negociações alcançadas através de mediadores no Egipto e no Qatar.

Al-Sisi disse também que os números avançados para a reconstrução da Faixa de Gaza "são assustadores", além dos anos que serão necessários para o processo.

O líder egípcio estimou, na semana passada, que a reconstrução de Gaza custaria mais de 90 mil milhões de dólares (82,5 mil milhões de euros, ao câmbio actual).

O reconhecimento internacional do Estado da Palestina, "apesar da crise e da grande miséria, seria a nossa consolação", acrescentou al-Sisi.

Esperava-se um acordo sobre as tréguas antes do início do mês sagrado muçulmano do Ramadão, que começou a 11 deste mês, mas as partes não chegaram a um consenso.

As exigências do Hamas, sobretudo o fim definitivo da guerra, chocam com as de Netanyahu, que continua a proclamar a "vitória total" sobre o grupo islamita como o principal objectivo da guerra.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,15 mar 2024 14:19

Editado porAndre Amaral  em  27 abr 2024 23:28

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