O objectivo da conferência, organizada pela Suíça na sequência de um pedido nesse sentido do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no início do ano, quando assistiu ao Fórum de Davos, é "inspirar um futuro processo de paz", tendo por base "os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz baseadas na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional".
Nesta cimeira, que decorrerá entre sábado e domingo na estância suíça de Burgenstock, nos arredores de Lucerna, centro da Suíça, a Ucrânia espera obter nesta conferência um largo apoio internacional a um plano conjunto de paz, já na perspectiva de uma segunda cimeira, para a qual seria convidada a Rússia, que lançou a ofensiva militar contra o seu país vizinho em Fevereiro de 2022.
Entre os participantes -- cerca de metade dos quais da Europa - contam-se o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Presidente francês, Emmanuel Macron.
Entre os grandes ausentes da cimeira, para a qual haviam sido convidados 160 países e delegações, destaque naturalmente para a Rússia, que por diversas deplorou a realização de uma conferência baseada no plano de paz apresentado em finais de 2022 por Zelensky -- que prevê uma retirada das tropas russas do território ucraniano, compensações financeiras por parte de Moscovo e a criação de um tribunal para julgar os responsáveis russos -, e acusou a Suíça de perder a neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias.
O outro grande ausente de peso é a China, um dos grandes aliados de Moscovo e vista como intermediária fundamental para futuras conversações de paz, que rejeitou participar dada a ausência da Rússia, tendo Zelensky acusado Pequim de trabalhar em conjunto com o Kremlin para sabotar a conferência, ao pressionar países para não participarem.
De resto, entre os membros do grupo dos países de economias emergentes (BRIC), além da China, também o Brasil não participará, por considerar indispensável a participação de Moscovo, a presença de uma delegação da África do Sul continua incerta, e apenas a Índia confirmou publicamente a sua presença na conferência, mas ainda se desconhece a que nível de representação. Apenas hoje à noite as autoridades suíças revelarão a lista definitiva de participantes.
A conferência de paz realiza-se imediatamente após uma reunião dos líderes do G7 no sul de Itália que teve igualmente a participação de Zelensky.
Na Suíça, as autoridades estão particularmente atentas à possibilidade de ataques cibernéticos durante a cimeira, uma vez que o número de ataques deste tipo aumentou muito nas últimas semanas, intensificando-se hoje mesmo, revelou o Ministério dos Negócios Estrangeiros helvético, que garante, no entanto, ter a situação sob controlo.
Em Burgenstock, o exército suíço poderá mobilizar até quatro mil soldados para garantir a segurança da cimeira, com a estância a ser 'barricada' por cerca de 6,5 quilómetros de vedação.