"Hoje, as condições estão finalmente reunidas para que Gaza seja libertada do pesadelo do Hamas e provisoriamente confiada ao controlo internacional, com a participação ativa dos países islâmicos", disse Tajani, dirigindo-se à câmara dos deputados, durante um debate de urgência sobre o plano de paz para o conflito israelo-palestiniano, que contempla um cessar-fogo no enclave em vigor desde sexta-feira passada.
No quadro do plano de paz, impulsionado pelo Presidente norte-americano Donald Trump, o grupo islamita Hamas libertou, na segunda-feira, todos os 20 reféns ainda vivos que permaneciam na Faixa de Gaza, uma das condições que o Governo italiano de direita e extrema-direita, liderado por Giorgia Meloni, havia imposto para o reconhecimento do Estado da Palestina, sendo a outra a exclusão política e militar do Hamas de Gaza e da Cisjordânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros insistiu hoje que a perspetiva é a de "alcançar um Estado palestiniano verdadeiro, democrático, pacífico e não confessional, confiado a uma Autoridade Nacional Palestiniana profundamente renovada no seu pessoal e métodos", que seja "pacífico, reconheça Israel e seja reconhecido por Israel".
"O reconhecimento do Estado da Palestina, uma vez cumpridas as condições também estabelecidas pelo parlamento, está agora mais próximo", garantiu.
Itália é um dos 11 Estados-membros da União Europeia que ainda não reconheceu o Estado palestiniano.
Na sua intervenção perante o parlamento, Tajani, líder do Força Itália, partido de centro-direita fundado pelo falecido Sílvio Berlusconi, também elogiou o plano de paz para o Médio Oriente promovido por Trump e afirmou-se "orgulhoso" do contributo do Governo de Itália para o processo, que admitiu ser frágil.
"O sucesso da iniciativa de paz lançada pelo Presidente dos Estados Unidos pode realmente representar um ponto de viragem histórico, transformando a face do Médio Oriente e, portanto, também do Mediterrâneo", frisou.
Tajani admitiu, no entanto, que "este sucesso ainda está por um fio, uma vez que muitas variáveis permanecem indefinidas, desde o regresso dos corpos dos reféns assassinados até às formas concretas de desmantelar a estrutura militar do Hamas".
"No entanto, esse fio de esperança está a revelar-se sólido, porque encarna o desejo de paz de pessoas que sofreram tanto em ambos os lados", afirmou.
Segundo o chefe de diplomacia, "o Governo italiano apoiou este difícil processo desde o início, trabalhando com paciência e concretude, com dois objetivos muito claros: manter vivo o diálogo entre as partes e aliviar, tanto quanto possível, o sofrimento da população civil palestiniana".
"Hoje, estou orgulhoso dos nossos esforços. Conseguimos desempenhar um papel ativo porque mantivemos canais de diálogo com Israel e com a Autoridade Nacional Palestiniana nos últimos meses", afirmou, sublinhando que "muito poucos países podem dizer que fizeram o mesmo".
"Construímos pontes apesar daqueles que queriam destruí-las. É assim que se trabalha pela paz, dia após dia, tecendo pacientemente, sem agitar bandeiras ou ceder ao entusiasmo e às proclamações", sustentou.
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