Parto do princípio que é difícil haver artistas que têm equilíbrios bastante marcados nas mais variadas vertentes que fazem o todo-espetáculo.
A capacidade de comunicação em palco – dizer o necessário para o momento sem exaltações pessoais ocas, que é o que se vê tanto, exaltando apenas a música – a arte maior… sim, é facto, em Fattú.
A imagem e persona que cria para que haja uma Fattú de palco que interpreta a Fattú em trajes e penteados coerentes; tornando tudo espetáculo e não espetacular…sim, é facto, em Fattú.
A voz cheia de potência e energia e a capacidade de passá-la natural(mente) para o público, fazendo com que a música os toque? Sim, é facto, em Fattú.
Temas certos para palcos onde actua – capacidade de selecção de repertório (dentro do ainda reduzido que tem, mas que são claramente sementes a crescer), embrulhado em capacidade musical de misturas e tornar tudo num só todo Guiné/Cabo-Verde… dois países numa só música que pertence a um país que Fattú parece ter criado dentro dela… sim, é facto, em Fattú.
Letras interessantes que tanto precisamos… sobretudo numa fase em que estamos, em plena queda no que diz respeito às poesias/letras usadas e que facilmente ouvimos em grupos seleccionados para os festivais nacionais nos tais cartazes que não variam de município para município… sim, é facto, em Fattú.
Musical forte, com a selecção de músicos que sabem fazer o necessário suporte musical para que a voz de Fattú voe vento fora, seja qual for o palco e festival…sim, é facto, em Fattú.
Vai chamando a atenção por causas a corrigir – como a da presença da figura feminina nos cartazes municipais (os tais que acabam por rodar sempre os mesmos músicos) – e como é importante no mundo de hoje os líderes de palco, defenderem causas de igualdade – sim, é facto, em Fattú…
Assim, prefiro pensar que Fattú é um tipo de artista a marinar uma carreira de explosão que por enquanto é nacional. Não tardará em ser mundial, pois se percorrermos o que os produtores internacionais procuram, encontramos em Fattú os requisitos necessários.
O mais importante – os povos-mundo querem músicas que unem países, povos, culturas em positividade absoluta e não em acordos de papel assinados. Sim, é facto, em Fattú.
Imagino espetáculos da artista com a participação também de grupos tradicionais da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, pois Fattú está preparada para liderar palcos destes formatos.
Imagino Fattú com tempo e espaço para residências artísticas mil…das mais variadas… veja-se o que a artista fez no seu mais recente trabalho Praia-Bissau onde trabalhou com músicos Brasileiros… Fattú é mundo – Sim, é um facto em Fattú.
Receio que Cabo Verde comece a ser pequeno para a artista e que ela já terá lugar certo para ganhar as asas que lhe façam voar em positividade pelos céus das estradas e palcos da hoje chamada “World Music”.
Para já fico com o espectáculo precioso que deu nas produções do colectivo 5TH Stage Sessions na Praia.
Fattú? – sim, é facto em Fattú… o mundo aproxima-se.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1121 de 24 de Maio de 2023.